Barcelona, 28 de maio de 2015. É fim de tarde e Thurston Moore Band sobe em um dos 16 palcos do Festival Primavera Sound para divulgar o disco “The Best Day” (2014). Moore veste uma calça vermelho-carmim, dá oi, regula seu amplificador e começa a enfileirar as músicas ruidosamente melódicas de seu novo trabalho.
“The Best Day” foi tocado na íntegra. Ao vivo, soa raivoso, apesar de ter a cara de um disco feito por alguém de 57 anos (interlúdios sofisticados, timbres mais limpos). As guitarras estavam altas até o talo, e tímpanos corriam sérios riscos. No baixo, Debbie Googe, do My Bloody Valentine, dava as costas para a plateia, já entregue a um show espetacular, recheado de significado para quem acompanhou o início, o meio e principalmente o fim do Sonic Youth.
Na metade da apresentação, quando muitos aproveitavam a brisa proporcionada pela porrada sonora, Thurston Moore desencantou. “Desculpem pelas letras deste disco. Elas são uma merda, e vocês devem saber o porquê”. Talvez tenha se referido a “Speak to the Wild” (“não deixe a escuridão fazer com que você se perca”) ou a “The Best Day” (“aqui há um homem que caminha sozinho”).
Moore ainda remói o que fez questão de deixar para trás, mas não sem fazer boa música. Sentimentos sinceros ainda são a melhor inspiração.
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