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Flea e Anthony Kiedis durante show no Rock in Rio, em 2011 | as/dan/ANDRE DURAO
Flea e Anthony Kiedis durante show no Rock in Rio, em 2011| Foto: as/dan/ANDRE DURAO

Algumas bandas de rock têm uma certa data de validade. Ela geralmente vem com a idade dos integrantes, principalmente se o grupo está tão associado a uma década específica da música, como é o caso do Red Hot Chili Peppers.

O grupo californiano ficou famoso com o lançamento do disco “Blood Sugar Sex Magik” (1991), que tinha os hits “Suck My Kiss”, “Give It Away” e “Under the Bridge”. O sucesso continuou depois de “Californication”, de 1999, com “Around the World”, “Scar Tissue” e “Otherside”.

O tempo passou, e a banda conseguiu manter uma certa relevância com os álbuns “By The Way” (2002) e “Stadium Arcadium” (2006), mas o interesse diminuiu consideravelmente.

Lá se vão dez anos desde que o grupo teve o seu último destaque nas rádios, mas o baixista do grupo, Flea, diz que eles não se importam. “A gente não liga para o que é cool. Só queremos fazer música”, afirma.

Ao mesmo tempo, o baixista se anima quando a reportagem sugere que a música título do novo disco, “The Getaway” -que será lançado no dia 17-, faria sucesso nas rádios: “Sério? A gravadora nem queria lançar essa. O Anthony [Kiedis, vocalista] também acha [que a música deveria ser um single]! Eu não acho nada, eu só toco...”

Rato perigoso

Para o novo álbum, a banda resolveu mudar de produtor. Dispensou o medalhão Rick Rubin, que trabalhou em todos os discos do grupo até então, e contratou o “hipster” Danger Mouse, conhecido por integrar duo Gnarls Barkley (com CeeLo Green) e que já produziu nomes como Gorillaz, Beck e Black Keys.

“Eu fiquei muito preocupado, porque poderia ter dado completamente errado. Quando a gente começou a gravar, eu falei: ‘Vou saber se vai dar certo na primeira semana. Se não for incrível, foda-se. A gente vai embora’. Mas deu certo”, diz Flea.

Frusciante

Muita gente atribui o declínio da banda à saída do guitarrista John Frusciante, que deixou o Red Hot duas vezes, em 1992 e 2008. Afinal, os discos que a banda lançou sem ele (“One Hot Minute”, de 1995, e “I’m With You”, 2011) tiveram recepção medíocres.

“Eu aprecio o amor que as pessoas têm por ele. Eu amo John, é meu amigo. Mas ele não está mais interessado nisso. Ele só quer se divertir fazendo as coisas do jeito dele”, diz Flea. Frusciante declarou que não vê mais espaço para ele na “música comercial”.

Futuro

E qual o futuro do Red Hot? “Vamos continuar fazendo música. Eu poderia facilmente me aposentar. Sentar na praia com meu cachorro e ficar fumando um baseado e comendo mamões o dia todo. Mas eu sinto que preciso tocar, eu adoro fazer música”, conta o baixista.

“Quando eu e Anthony éramos crianças, éramos os caras que causavam encrenca, que assaltariam alguém. Mas formamos uma banda e isso nos deu uma razão para viver. Somos tão gratos a isso que só queremos fazer isso para o resto da vida.”

Brasil

Em sua última passagem pelo Brasil, em 2013, o grupo tocou com o percussionista brasileiro Mauro Refosco, com quem o baixista montou uma banda, o Atoms of Peace.

“Eu adoro o Mauro! A gente faz aniversário no mesmo dia. Eu, ele e Oscar Wilde. Mauro tem um olhar muito único sobre a música, faz seus próprios instrumentos, é tudo muito único”, conta.

O Brasil é um dos países favoritos do grupo. Flea diz que adora tudo. “As pessoas, as mulheres, a comida, o surf. Da última vez em que fui, eu não conseguia parar de comer esse ensopado tradicional, com feijões e carne...”, diz, referindo-se à feijoada.

Mas, em sua última passagem por São Paulo, Flea teve um susto. “Tentaram me assaltar”, conta ele, que estava passeando pela rua do hotel quando dois homens o abordaram. “Achei que eram fãs e fui conversar, mas eles começaram a me encurralar. Eu corri! Eu sou rápido!”, ri.

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