Pesquisadores das universidades de Cambridge e Nova York defendem que é possível prever o gosto musical das pessoas com base em seus tipos cognitivos.
Em um estudo recente envolvendo 4 mil voluntários, o psicólogo David Greenberg e sua equipe dividiram as pessoas em dois grupos, baseados na teoria da empatia-sistematização, do psicólogo britânico Simon Baron-Cohen – um dos integrantes do time de cientistas.
Tipos
A pesquisa conseguiu relacionar cada tipo a um conjunto de preferências musicais. Se você pensa como um “empático”, que compreende e leva em conta as emoções das outras pessoas, a tendência é que prefira estilos mais suaves como o R&B e o easy listening, e que não goste de estilos mais fortes como o punk e o heavy metal. Também tenderá a gostar de canções com elementos tristes e tocantes, como “Hallelujah”, de Jeff Buckley – para usar um exemplo citado pelos pesquisadores.
Empáticos
Estilos mais suaves e despretensiosos (R&B, soft rock, country, folk) e gêneros contemporâneos (eletrônica, latina, acid jazz e euro pop).
Exemplos: “Hallelujah”, de Jeff Buckley; “Come away with me”, de Norah Jones; “All of me”, de Billie Holliday; “Crazy little thing called love”, do Queen.
Se for um “sistemático”, mais interessado em entender os padrões e os sistemas por trás do funcionamento das coisas, provavelmente gostará do oposto. A preferência será por gêneros mais intensos e músicas mais alegres – os exemplos iriam de Sex Pistols a Vivaldi.
Sistemáticos
Gêneros mais intensos (punk, heavy metal) e músicas complexas e sofisticadas (jazz de vanguarda).
Exemplos: “Concerto em dó maior”, de Vivaldi; “Etude n.º 3”, de Scriabin; “God save the queen”, dos Sex Pistols; “Enter Sandman”, do Metallica.
“Embora as escolhas musicais das pessoas flutuem ao longo do tempo, descobrimos que níveis de empatia e modo de pensar permitem prever o tipo de música que elas gostam”, disse o pesquisador ao site da Universidade de Cambridge.
“Na verdade, o estilo cognitivo das pessoas – suas propensões à empatia ou aos sistemas – pode ser um indicador melhor do que suas personalidades para prever seus gostos musicais.”
Nem um, nem outro
Outro grupo, que concilia a empatia e a sistematização, seria uma mistura dos dois tipos. Críticos da teoria de Baron-Cohen diriam que este equilíbrio é a regra, o que torna a divisão um tanto questionável. O estudo, no entanto, teria uma relevância especial para a musicoterapia para pessoas com autismo, que se encaixariam nos extremos da teoria da empatia-sistematização, disse Greenberg ao site “Sciense of Us”.