Não é de agora. Ao longo de seus quarenta e tantos anos (ou seriam lambidas, como sugeria o nome da turnê passada da banda?) de carreira, os Rolling Stones enfrentaram um montão de censuras e proibições, a última delas em sua apresentação no Superbowl, quando o microfone de Mick Jagger foi cortado quando pronunciadas expressões não adequadas ao chamado país da liberdade e das oportunidades. No concerto na China - cujo governo controla até a internet, que parecia ser incontrolável - não será diferente.
No dia 8 de abril, na estréia dos Stones no gigante asiático, clássicos da banda ficarão fora do repertório por pressão do governo. Na lista, "Brown Sugar", "Let's Spend the Night Together" (canção que vem sendo censurada nos EUA desde os anos 60), "Honky Tonk Woman" e "Beast of Burden", consideradas "inaceitáveis" pelo Ministério da Cultura chinês desde 2003, quando a banda consultou o governo comunista sobre a possibilidade de realização de um show e marcou apresentações em Pequim e Xangai. As apresentações acabaram desmarcadas por medo da Síndrome da Deficiência Respiratória Aguda (Sars).
Se hoje a motivação para a censura é o apelo sexual das letras de Jagger, no passado, quando a banda começou a cogitar a possibilidade de ir à China, lá pelos idos dos anos 70, os chineses usavam como desculpa para o veto aos Stones a "poluição espiritual" que vinha do Ocidente. Quanto o tema é sexo, no entanto, fica mais difícil falar em veto total, afinal, a China é um dos países mais populosos do mundo. E sexo, mais do que a internet, é muito difícil de controlar. Os Stones vão ao gigante asiático, mas não podem falar de safadezas, no bom português.
De qualquer maneira, por precaução, o governo chinês vai exigir, segundo informa a edição eletrônica do jornal britânico The Guardian, ver com antecedência as letras e os vídeos de todas as músicas ainda não censuradas. E mais: as roupas de Jagger e companhia estarão na mira dos censores. Há dois anos, a Britney Spears eles recomendaram mais decência para que ela pudesse se apresentar no país. E olha que a cantora pop é bem mais caretinha do que os Stones.
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