Álbuns
Confira a discografia do quarteto de Nashville, Kings of Leon.
Youth & Young Manhood (2003)Aha Shake Heartbrake (2005)Because of the Times (2007)
Apenas o último título ainda é inédito no Brasil (já disponível na internet, contudo), mas sua previsão de lançamento é entre os mêses de maio e junho.
Surgida em 2001 e capitaneada pelo quinteto nova-iorquino The Strokes, a cena de bandas batizada sob o rótulo de "novo rock", teve, desde o início, um destino certo: crescer. Afinal de contas, para desespero de muitos e felicidade de poucos, chega o momento em que, inevitavelmente, o novo envelhece. Mas, assim como a passagem do tempo pode trazer efeitos nocivos, como a fossilização de maneirismos irritantes ou de uma postura eternamente juvenil (ou seja, decadente), crescer, por vezes, implica em amadurecer, algo que, se não levado seriamente à risca, pode representar um processo deveras positivo. Esta última opção é, definitivamente, o caso de quatro integrantes da família norte-americana Followill, cujos irmãos Caled (vocal e guitarra), Jared (baixo) e Nathan (bateria), mais o primo Matthew (guitarra), integram o Kings of Leon, uma das formações prontamente encaixadas ao estilo novo rock à época de seu álbum de estréia, Youth & Young Manhood, de 2003.
Eis que em seu terceiro disco, o quarteto de Nashville (Tennessee) trabalho que sucede o criticado Aha Shake Heartbrake, de 2005 Because of the Times, lançado no início do mês no exterior (no Brasil o registro deve chegar às lojas entre maio e junho, mas, enquanto isso, ele pode ser facilmente encontrado na rede para download), o grupo que durante a infância literalmente seguia o caminho de Jesus ao viajar de carro pelos EUA, acompanhando o pai Leon, pastor evangélico, agora ruma sem medo do desconhecido pela estrada da imprevisibilidade.
A mudança é perceptível logo na faixa de abertura, "Knocked Up", epopéia de sete minutos, cujas linhas de bateria e guitarras criam uma bela atmosfera climática e instrospectiva. Espécie de versão masculina de "Papa Don't Preach", hit oitentista anti-aborto de Madonna, a canção que inaugura Because of the Times revela o discurso enfurecido de um jovem rapaz, que defende a gravidez de sua namorada com unhas e dentes, desafiando a família da garota, apesar da plena consciência do destino incerto do casal ("Eu não me importo com o que ninguém diz/Nós vamos ter um bebê").
Após passar os últimos dois anos na estrada, abrindo grandes shows de artistas como U2 e Bob Dylan, a banda, ao invés de se deixar intimidar diante de tais nomes, aproveitou a oportunidade para ampliar ainda mais seus horizontes musicais, incorporando à sua sonoridade boas influências de quem já está no ramo há muitas décadas. Não é difícil encontrar semelhanças guitarrísticas entre os acordes de Matthew e The Edge (o último do quarteto irlandês liderado por Bono Vox), na própria "Knocked Up", assim como na levada pop de "On Call".
Ainda mais imprevisível soa a ótima "Charmer", que bebe influências de Pixies direto do gargalo, com direito a gritos desconcertantes de Caled, dignos da fase áurea de Black Francis. Destaque também para a dançante "My Party" de baixo distorcido e suingado, guitarra pós-punk que remete a Gang of Four e linha vocal à la LCD Soundsystem. Arrancam suspiros as belas baladas "True Love Way" (que bem poderia ter saído de um bom álbum de Bruce Springsteen), a zeppeliana "Fans" e a valsa gospel "The Runner", que se encaixaria perfeitamente na gasta voz de Bob Dylan. Enfim, qualidades que, como o próprio título do álbum adianta, só o tempo é capaz de trazer. GGGG
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