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Jardel Simões tem três línguas. Uma é aquela responsável pelo paladar e pela fala. Outras duas estão estampadas no seu carro e no chaveiro que guarda no bolso. Foram criadas por John Pache e tornaram-se símbolo da banda que – disso Jardel não tem dúvidas – é a maior do mundo. Trata-se, claro, dos Rolling Stones. Quatro ônibus saíram ontem à noite carregados de fãs para ver a apresentação do grupo no show aberto que acontece hoje à noite, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Simões estará lá. Os menos afortunados terão de se contentar com a transmissão ao vivo da Rede Globo, depois da novela Belíssima.

A organização espera mais de 1,5 milhão de pessoas e montou um super-esquema de segurança, superior àquele utilizado nas comemorações de ano-novo. Às 20h30, os Titãs sobem ao palco principal para tocar o repertório do CD e DVD MTV ao Vivo. Os Stones deve começar a tocar às 21h30.

É nessa hora que Jardel Simões saberá se ganhou uma cerveja de graça. Ele apostou com amigos, todos funcionários do Vinyl Club, qual música abrirá a apresentação. Seus votos vão para "Street Fighting Man", do álbum Beggars Banquet, de 1968. A opinião tem peso. Jardel acompanha a banda desde 1989. Conseguiu comprar todos os discos do grupo, em LP, CD e gravações piratas. Comeu bola no show de 1998, realizado no Rio de Janeiro. Ficou em Curitiba, decisão pela qual decisão iria se "arrepender até morrer" não fosse o show de hoje. "Esse será meu primeiro show e provavelmente o último, porque os caras estão velhos demais", diz.

Na aposta, a concorrência não é de jogar fora. Principalmente quando conta com o set list (a ordem de apresentação das músicas) das apresentações prévias da banda. Esse é o truque de Neigmar de Sousa, 32 anos. Conheceu os Stones no final dos anos 80 quando "She Is so Cool" tocava nas rádios. O disco preferido é Sticky Fingers, de 1971, e o Keith Richards é o seu "stone" ídolo. "Eles nunca repetem o set list e eu chutei ‘Start me Up’ para a abertura, porque é a música que todo mundo conhece", afirma.

O guitarrista e colega Marco Antônio Milfont da Cunha, 37 anos, ficou com "Satisfaction". Curte Stones desde pequeno, quando freqüentava os sebos com o pai. Gastava a mesada para comprar discos dos Stones, Beatles, AC&DC e afins. Keith Richards também é o integrante preferido. Dos discos, o de cabeceira Sticky Fingers. "É a maior banda do planeta. Com 45 anos de estrada é só o que dá para dizer. O que mais?", elogia.

De casa

A curitibana Andréia Figueiredo verá o show na casa de amigos. Eles estão organizando um encontro entre os fãs para fazer um churrasco e ver a transmissão pela Globo em um telão. O que impediu a Andréia de ir é a dimensão do evento e o temor da violência. "É muita gente reunida. Não dá para saber o que vai acontecer e eu não tenho contatos lá. Tem também a questão dos custos, que influencia", explica. Em Curitiba, bares também entraram na onda. O Chef Vergé Café estará transmitindo ao vivo em seu telão tanto os shows dos Stones, hoje, quanto o do U2, programado para a segunda-feira.

Serviço: Transmissão do show dos Rolling Stones. Rede Globo, depois da novela Belíssima. Chef Vergé Café (Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.154), (41) 3322-5555.

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