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Oshima: precursor da “nouvelle vague japonesa” | Divulgação
Oshima: precursor da “nouvelle vague japonesa”| Foto: Divulgação

Há 37 anos, em 1976, O Império dos Sentidos fez de Nagisa Oshima um cineasta popular em todo o mundo. O tórrido romance entre Sada e Kichizo surpreendeu espectadores e censores: como podia um filme ser "sério" e "pornográfico" ao mesmo tempo?

O escândalo foi um ponto crucial na carreira do magistral cineasta, que morreu ontem de pneumonia, aos 80 anos, em Kanagawa, ao sul de Tóquio.

O Império dos Sentidos foi também o momento mais marcante de uma carreira repleta de radicalismo. O filme lembra muito as ideias do francês Georges Bataille sobre a proximidade entre amor e morte. Mas não as ilustra. E havia outras ideias ali: esse amor existia em contraponto (quase oposição) ao militarismo japonês, que levaria o país à catástrofe na Segunda Guerra.

Oshima foi o primeiro nome da "nouvelle vague japonesa" a chamar a atenção mundial. Tratava-se de um grupo de jovens cineastas que, no começo dos anos 1960, rompeu com os estúdios japoneses, optando pela independência.

A divergência era tanto formal (resistiam aos estilos tradicionais) como política (condenavam o conformismo dos velhos mestres).

Logo nomes como Shohei Imamura ou Seijun Suzuki, entre outros, tornaram-se decisivos para o jovem cinema mundial de então.

O primeiro impacto veio de Oshima, com O Túmulo do Sol, Conto Cruel da Juventude e Noite e Névoa no Japão, três filmes de 1960 que fugiam ao estilo tradicional e traziam a juventude para o centro dos acontecimentos, embora feitos antes da ruptura com o poderoso estúdio Shochiku.

A maturidade de Oshima chegou no final dos anos 1960, quando produziu obras capitais, como O Enforcamento, Garoto Toshio e A Cerimônia, esta última de 1970. Nos anos 70 predominou o esforço para entender a sociedade nipônica e sua história. A mudança é visível em O Império da Paixão (1978). A fama mundial levou Oshima a produções internacionais que pouco acrescentaram a seu trabalho, como Furyo, em Nome da Honra (1982), protagonizada por David Bowie, e, em especial, Max Mon Amour (1986).

O fracasso deste último o levou a trabalhar para a televisão, antes da hemorragia cerebral de 1996, que o forçou a um longo período de recuperação. Oshima ainda pôde realizar em 1999 o pouco inspirado Tabu, em que novamente buscava um tema polêmico: a homossexualidade entre samurais.

Desde então, o cineasta nascido em 1932 em Okayama recolheu-se: o que tinha a dizer, desde os tempos de estudante de direito com ideias de esquerda, em Kyoto, estava dito. E, diga-se, bem dito.

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