Reconhecida por pequenas tiragens autossuficientes, a Patuá é uma das referências em poesia no Brasil. O selo tem cinco livros entre os semifinalistas do Portugal Telecom de 2014 e um catálogo com nomes como Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Corona – depois de São Paulo, Curitiba é a cidade com mais autores publicados. A editora lança, em média, 12 títulos por mês.

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Como financiar tantos lançamentos? Conseguimos financiar tudo com a venda dos próprios livros. Não tem muito mistério: o custo de produção é de cerca de R$ 1.800. Com 60 exemplares vendidos nos lançamentos (o que costumamos vender), conseguimos pagar as despesas todas.

Quais são as dificuldades de ser uma editora de médio porte em um mercado inchado e com carência de leitores?Sou um dos poucos que têm coragem de dizer que não existe mercado editorial no Brasil. Mais de 40% de todos os livros são vendidos para o governo. Sem o governo, quase todas as editoras fechariam as portas. Existem poucas bibliotecas e livrarias. E a média de livros lidos no Brasil é baixa. A Patuá não é uma editora de médio porte, é bem pequena até, mas para eu perceber que há mais escritores que leitores é mais fácil. A maior parte das editoras pequenas e voltadas para novos autores cobram as edições, nós não cobramos. Preciso de leitores (que são mais do que clientes ou compradores de livros) para sobreviver. Não cobro do autor, não quero que ele tenha essa responsabilidade, mas dependo sim de encontrar leitores interessados e que podem ser os próprios autores. Qual é o gargalo do mercado editorial? É a falta de leitores mesmo. E isso tem razões históricas. No âmbito educacional, é preciso mudar as estratégias de ensino de literatura, ampliar as bibliotecas escolares, qualificar os professores, bibliotecários e funcionários. Precisamos estimular a criação de pequenas livrarias, de editoras locais, melhorar a remuneração dos profissionais do livro, criar mais leis de incentivo para o livro e fortalecer o escritor como profissional.

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