Premiado roteirista (Pixote e Jogo Subterrâneo) e diretor eventual (Proibido Proibir e A Cor do Seu Destino), Jorge Durán trilha caminhos ousados em seu novo longa, Não Se Pode Viver sem Amor, que desde sua estreia, há um ano no festival Cine PE, colheu mais incompreensão e pedras do que alguns merecidos elogios, no mínimo, por sua coragem.
O longa-metragem que estreia hoje, no Cineplex Batel, aproxima-se do realismo mágico do escritor colombiano Gabriel García Marquez e até do brasileiro Jorge Amado em cuja obra coisas fantásticas (no sentido de fantasia) acontecem a pessoas comuns.
Gabriel (o estreante Victor Navega Mott), ao lado de Roseli (Simone Spoladore) sai de uma cidade do interior e vai para o Rio de Janeiro em busca do pai, também chamado Gabriel, que os abandonou.
O garoto é dono de uma imaginação prodigiosa, talvez de poderes sobrenaturais isso nunca é realmente esclarecido, mas também não é importante porque, como fica claro, Não Se Pode Viver sem Amor é um filme que está mais próximo do sonho.
No Rio, o professor Pedro (Ângelo Antonio) trabalha no táxi do pai (Rogério Froes). Sua vida se cruza com a de João (Cauã Reymond), jovem sem perspectivas de futuro que eternamente espera passar num concurso público. Apaixonado por uma dançarina, Gilda (Fabiula Nascimento), e sofrendo com a falta de dinheiro, João toma medidas drásticas para conquistar o amor da garota e fugir com ela.
O Rio de Janeiro onde os personagens transitam está longe da Cidade Maravilhosa dos cartões postais. Reconhecemos aqui e ali lugares do centro antigo, mas sempre distantes da badalação das praias ou bairros ricos.
Também não é o Rio das comunidades. É um Rio de Janeiro, às vezes, tão surreal quanto o filme. Essa paisagem cabe muito bem como cenário para esses personagens repletos de desilusões, que buscam um fio de esperança em que acreditar para seguir em frente.
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