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Marcos Castro fez um performance musical durante o show. | Luis Izalberti
Marcos Castro fez um performance musical durante o show.| Foto: Luis Izalberti

Quem esteve presente na noite de sexta-feira (04), no Teatro Cena Hum, prestigiando a peça "Não vejo Moscou da janela do meu quarto", certamente voltou para casa com uma série de questionamentos, proporcionados pela excelente direção de Susana Garcia. Integrante do Fringe (mostra paralela ao Festival), o espetáculo cria em quem assiste um forte clima nostálgico, remetendo a tempos de mudanças, quase sempre difíceis. Ambientada no interior da Rússia, no período correspondente às décadas de 50 e 60, a peça-desmontagem, inspirada nos livros do dramaturgo russo Anton Tchekhov ("As Três Irmãs") e do escritor argentino Julio Cortázar ("Casa Tomada"), conta a história de três irmãos, cada vez mais presos à própria casa e que nutrem um sonho em comum: ir à capital russa, Moscou. As circunstâncias de momento, no entanto, os impedem de prosseguir na caminhada. A ação e a aventura ficam de lado a partir deste momento. Fazendo uso dos elementos presentes no palco, as personagens desenvolvem toda a história no mesmo ambiente, marcado pela decoração clássica e por elementos típicos da época em que a história se passa. A permanência no mesmo espaço permite um melhor desenvolvimento das relações fraternas. E a presença de palco dos atores escalados para a peça entra em ação. Além dos diálogos bem construídos, todos fazem, cada um à sua maneira, falas relativamente curtas, mas com conteúdo significativo e de caráter reflexivo. Com todo o núcleo de elenco e apoio ambientado em São Paulo, esta foi a primeira apresentação da peça fora da capital paulista. O ator Leonardo Devitto, que interpreta o personagem Andrei, afirma que, por ser a primeira vez que o espetáculo está sendo aberto ao público, numa espécie de "ensaio aberto", já que o momento de estreia dificilmente acontece dentro do esperado. A ideia do projeto de "Não vejo Moscou da janela do meu quarto" começou há aproximadamente três anos, com as diretoras da peça (Silvana Garcia e Maria Tuca, que também faz uma interpretação no espetáculo). No último ano, surgiu a ideia de buscar um financiamento coletivo. Em novembro, o projeto foi ao ar no site Catarse e quase que a ideia não saiu do papel."Uma semana antes do prazo final, não havíamos arrecadado nem cinquenta por cento do valor. Chegamos a pensar que não seria possível produzir o espetáculo. No entanto, uma corrente de amigos, além da contribuição financeira, fez a divulgação do nosso trabalho. Alcançamos pessoas que nunca poderíamos imaginar nos apoiando neste projeto, através do Facebook, Twitter, e-mail. E o mais incrível foi que estas pessoas contribuíram sem conhecer nenhum dos envolvidos na peça, mas sim porque ouviram recomendações dos amigos sobre o projeto e, após assistir o vídeo e fazer a leitura, resolveram dar a contribuição", comemora Devitto.

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