A protagonista de Voz sem Saída parece desesperada para sentir qualquer coisa. Ela cede aos apelos de um transformista em um bar, rouba um pulôver pela adrenalina de vencer o sistema de alarme e aceita tomar café com um estranho que a aborda na rua. Existe uma certa apatia na superfície dessa mulher que destoa de um interior desesperadamente emocional. Ela sofre de amor não correspondido.

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Céline Curiol conta que imaginou uma personagem que diria "sim" quando a resposta mais comum (e sensata) seria "não". Ela tem qualquer coisa de irresponsável, é levada pelas situações. Porém, deixa claro que deseja essa exposição e – talvez o mais importante – sempre arca com as conseqüências.

Ao longo da narrativa, entende-se que a protagonista está apaixonada por um homem casado com uma mulher perfeita (seu nome é Ange, "anjo" em francês). Em uma noite, depois de beberem além da conta, eles trocaram um beijo que a desestrutou, enquanto ele parece lidar muito bem com o incidente. Embora essa seja a visão que ela tem dele (a única disponível para o leitor).

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A solidão da personagem é tão vívida no livro que é possível visualizá-la. Se fosse uma fotografia, seria em cores, mas meio apagada, de alguém em pé no meio de lugar nenhum. Essa pessoa teria semblante sério e olhos tristes. Lindos olhos tristes. (IN)