Jaime Pinsky é um apaixonado e, de tanto amor, decidiu escrever um livro sobre as virtudes da musa a quem desde cedo dedicou sua vida a História. Em Por Que Gostamos de História, que acaba de chegar às prateleiras nacionais, o editor e historiador tenta entender os motivos por trás de fenômenos como a proliferação de publicações da área em bancas de revista e livrarias de aeroporto, ou o que faz da disciplina uma das mais populares nos colégios.
A hipótese de Pinsky para explicar esse fascínio coletivo pela História tem duas faces. A primeira diz respeito ao conteúdo: buscamos no passado explicações sobre nosso presente e, dessa forma, estudar a História é se conhecer. O interesse pelo "de onde viemos" é parte indispensável da construção de nossa identidade, e ao observarmos a trajetória de "outros", redefinimos o "eu". "Talvez quanto mais História, menos sessões de terapia", brinca Pinsky.
Mas, além do conteúdo, essa área do conhecimento também fascina por sua forma. A História é construída como narrativa linear, encadeando processos, eventos e personagens, algo que aprendemos desde pequenos a amar e cultivar.
Pinsky não esconde que outro objetivo de seu livro é fazer uma defesa não menos apaixonada de sua categoria, a dos historiadores, especialmente os brasileiros. Ele acredita que, nas últimas décadas, a historiografia no Brasil se desenvolveu de tal maneira que a pesquisa tornou-se altamente especializada e setorizada. Grandes historiadores nas universidades passaram a se debruçar sobre recortes específicos, adquirindo em contrapartida inédita profundidade.
A consequência, porém, foi se afastar cada vez mais da visão de conjunto e dos grandes processos históricos. Sem obras de síntese ou "explicadores do Brasil", esses espaços vazios passaram a ser ocupados por outros, como jornalistas e economistas. "A especialização dos historiadores não é uma coisa ruim em si, pois em breve será possível elaborar obras gerais não tão especulativas como as de Caio Prado Júnior ou Sérgio Buarque de Holanda. Poderemos fazer livros de síntese com base nas pesquisas regionais, temáticas ou temporais delimitadas. Elas permitirão a costura de um painel amplo. Mas esse painel ainda não existe."
Portanto, contra a ideia de que os historiadores brasileiros não estão mais fazendo a grande História, Pinsky defende que o foco, momentaneamente, está sobre as análises específicas. O que falta aos historiadores, pondera, "talvez seja o marketing que outros têm".
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