Lançamento
Soco
Edemar Gregorio e Giovana de Salles. Contos. R$ 20. Dia 15 de março, das 10h30 às 12h30. Boxe Training (R. Fernando Amaro, 342, Alto da XV). Entrada Franca.
"A literatura é um bem cultural importante demais para ficar apenas nas mãos dos literatos". A afirmação pontiaguda do jornalista Edemar Gregório traduz bem a motivação que o levou a produzir, a quatro mãos com a produtora teatral e dramaturga Giovana de Salles, o livro de contos Soco, a ser lançado no próximo sábado, no ringue da Academia Boxe Training entre sacos de pancada, luvas e acessórios de pugilismo.
Não se trata, entretanto, de uma obra sobre o esporte de Maguila. O nome do livro emprestado de um conto escrito por Edemar se refere também à envergadura e à coragem que os autores, estreantes, acreditam necessárias para publicar literatura no país.
Giovana explica que o livro fruto de um projeto da Lei do Mecenato municipal surgiu diante da dificuldade dos autores em entrar nos mercados e circuitos de concursos literários (no caso dele) e de produzir espetáculos teatrais de qualidade (caso dela). Os autores decidiram desengavetar trabalhos e "partir para a porrada".
"Nós dois temos este lado meio brigão, no melhor sentido, que é o de ser inquieto e meio inconformado. O nome do trabalho mostra bem esta nossa característica de não assistir passíveis às coisas. Nosso trabalho é sanguíneo", analisa.
O livro é composto por 21 histórias escritas pelos dois irmãos e tem ilustrações do chargista Marco Jacobsen.
Os autores alternam suas narrativas ao longo da obra em textos "diretos e certeiros", como define Edemar. "Temos uma preocupação com o leitor e isto não é discurso. Este é um livro com linguagem simples, que fala da realidade e do universo local e respeita o tempo do leitor", avalia.
Os estilos de cada escritor são bem diferentes. Os textos de Giovana são mais poéticos, e muitas vezes descrevem cenas com forte preocupação estética.
Os de Edemar se aproximam da crônica jornalística e do romance americano em primeira pessoa, influenciados pele literatura beat e seus desdobramentos. Os personagens são pessoas comuns, retratadas em um ambiente urbano de ruas, becos, bares e cemitérios. Há espaço para a comédia, mas também para a crítica social.
O conto que dá título ao volume é o único que foi escrito especialmente para o projeto. Fala da complexa gradação moral entre ser atacado por um soco ou por uma bofetada.
"No resultado final, o livro tomou um corpo harmonioso. Há uma sintonia entre os textos", acredita Giovana.
Responsabilidade
O evento na academia é apenas o primeiro dos quatro previstos como contrapartida social da Lei do Mecenato, que inclui doações a bibliotecas e visitas a escolas.
"Usamos dinheiro público que poderia ser destinado para outro fim. É preciso ter responsabilidade e precisamos devolver a cultura que o estado promoveu com o lançamento", afirma Edemar.
Para ele o livro pode servir como incentivo para demonstrar às pessoas que precisamos fazer literatura, precisamos escrever, publicar e também nos ler. "Precisamos dar a cara a tapa", disse Edemar. "A soco", corrige Giovana.
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