O melhor do mestre
Malena (2000) A Lenda do Pianista do Mar (1998) O Homem das Estrelas (1995) Na Linha de Fogo (1993) Bugsy (1991) Cinema Paradiso (1988) Busca Frenética (1988) Os Intocáveis (1987) A Missão (1986) Era uma Vez na América (1984, foto) La Luna (1979) A Gaiola das Loucas (1978) 1900 (1976) Os Contos de Canterbury (1972) A Classe Operária Vai ao Paraíso (1971) Decamerão (1971) Sacco e Vanzetti (1971) Era uma Vez no Oeste (1968) Teorema (1968) O Bom, o Feio e o Malvado (1966) A Batalha de Argel (1966) Por um Punhado de Dólares (1964)
Italianos não costumam ser modestos. E Ennio Morricone não é uma exceção. Ao tomar conhecimento de que receberia um Oscar honorário, que lhe será entregue na cerimônia de hoje à noite, o compositor de trilhas sonoras se disse "desapontado". Lamentou que, com o reconhecimento um tanto tardio da Academia, estejam praticamente descartadas as possibilidades de ele um dia vir a ganhar a estatueta em uma disputa "de verdade". Aos 78 anos, ele foi indicado cinco vezes, por Cinzas no Paraíso (1978), A Missão (1986), Os Intocáveis (1987), Bugsy (1991) e Malena (2000). Perdeu em todas ocasiões.
Autor de mais de 300 trilhas durante sua carreira de 45 anos, Morricone se tornou mundialmente famoso nos anos 60, por conta de suas parcerias com o também italiano Sergio Leone, diretor de filmes de faroeste, os chamados western spaghetti, como O Bom, o Mau e o Feio e Por um Punhado de Dólares. Aos poucos, no entanto, foi se distanciando do gênero para se tornar, ao lado de Bernard Herrmann (compositor-fetiche da Alfred Hitchcock) e John Williams (de Tubarão e da saga Star Wars), uma espécie de sinônimo de música feita para o cinema.
Homenagem
Na cerimônia de hoje à noite, a cantora franco-canadense Céline Dion vai lançar uma "nova canção", "I Knew I Loved You", durante um tributo a Morricone. A música foi composta para o filme Era uma Vez na América, dirigido por Sergio Leone em 1984. Os compositores Alan e Marilyn Bergman quiseram compor a letra para a melodia de Morricone, mas os produtores do filme acreditaram que o tema ficaria deslocado dentro da trama uma emocionante história de gângsteres que atravessa décadas e a composição acabou sendo engavetada. Agora, a faixa ressurge com a versão na voz de Céline Dion. Produzida por Quincy Jones, vai integrar um álbum, ainda inédito, que contará com algumas das composições mais conhecidas do italiano, com a participação de vários artistas de renome internacional.
Biografia
Ennio Morricone, se não for o mais famoso, certamente disputa o posto de mais prolífico dos compositores de trilhas sonoras de todos os tempos. Embora calculem que ele tenha escrito temas para mais de três centenas de longas-metragens, há quem aposte em um número muito maior, beirando as 500. Se isso for verdade, ele teria composto, em média, mais de dez trilhas por ano.
Cifras à parte, o que importa mesmo é o talento e a o ecletismo de Morricone, que jamais se ateve a um estilo músical único, extraindo inspiração das mais diversas fontes, do erudito ao jazz, passando pela canzone italiana e até mesmo pela música eletrônica.
Morricone começou a estudar a Música no Conservatório de de Santa Cecília, em Roma, aos 12 anos. Diante de seu visível e precoce talento, os professores recomendaram em uníssono que se dedicasse de corpo e alma ao aprendizado da composição. Para se sustentar, no entanto, participou como músico em gravações de jazz e chegou a trabalhar como instrumentista contratado da Rádio Nacional da Itália.
O envolvimento com o cinema apenas veio na década de 60, consolidado por sua parceria bem sucedida com Sergio Leone. Embora os westerns spaghetti correspondam a apenas uma fase da carreira de Morricone, muitos consideram esses trabalhos os mais inovadores de sua trajetória.
A música, em filmes como Era uma Vez no Oeste e Por um Punhado de Dólares, tem papel dramático fundamental, criando climas e marcando características dos personagens principais. Harpas, harmônicas, flautins, órgãos de igreja, trombetas, assovios e arranjos vocais foram utilizados com brilhantismo para se transformarem numa espécie de co-assinatura nos filmes de Leone, com quem ele voltaria a trabalhar no hoje clássico Era uma Vez na América, na década de 80. Outro importante filme de gângster desse período, também musicado por Morricone, foi Os Intocáveis (1987).
Ainda na década de 80, Morricone realizaria dois de seus trabalhos mais populares, até hoje lembrado pelos fãs e regravados por músicos de prestígio como o violoncelista Yo-Yo Ma: A Missão (1986) e Cinema Paradiso (1988). O primeiro, que deu ao cineasta inglês Roland Joffé a Palma de Ouro no Festival de Cannes, tem como pano de fundo histórico as missões jesuíticas na América do Sul, sobretudo no Brasil e na Argentina. Já o segundo, dirigido por Giuseppe Tornatore, foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, contando a comovente história de amizade entre um menino e o projecionista de um velho cinema numa cidadela no interior da Sicília.
Em sua espetacular carreira, Morricone trabalhou, além de Tornatore e Leone, com alguns dos principais cineastas italianos da segunda metade do século 20, como Bernardo Berolucci (em 1900 e La Luna), Pier Paolo Pasolini (Teorema e Decamerão, entre outros) e Gillo Pontecorvo (A Batalha de Argel e Queimada!).
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