A escritora Nélida Piñon foi a grande vencedora do Prêmio Jabuti deste ano. Com "Vozes do deserto" ela ganhou o prêmio de Livro do Ano de ficção e R$ 30 mil da Câmara Brasileira do Livro (CBL), acumulando ainda o Jabuti com o primeiro lugar na categoria romance e mais R$ 1,5 mil.
- Não me lembrava da existência desse prêmio, esse último, de melhor livro do ano. Foi uma surpresa agradabilíssima, sobretudo depois de ver meu editor, que não aparecera em nenhum prêmio. Ah, então ele sabia. Ou ele intuía. Só eu que não sabia, não intuía. Mas fiquei muito feliz e outra vez muito honrada - disse, logo depois da cerimônia de entregue da premiação, confirmando os boatos de bastidores de que seria vencedora.
De semblante absolutamente tranqüilo, como é comum, disse ainda no curto discurso de agradecimento, que onde quer que vá, sempre proclamará a sua condição de brasileira, reverenciando "essa majestosa língua portuguesa, a quem todos nós servimos com definitivo e radical amor". Nélida também falou sobre a concepção do romance premiado.
- Esse romance, "Vozes do deserto", quando eu o concebi foi para que fosse um grande preito à imaginação humana. A imaginação e essa extraordinária arte de fabular. Eu sabia que era um livro difícil e que roubaria ou acrescentaria algo pessoal à minha vida. O que eu não pensei, sinceramente, porque eu imaginei que fosse um exercício muito perigoso, porque eu tive a sensação de escrevê-lo sem freio de segurança, é que pudesse vir a ser um livro apreciado por todos vocês. Portanto, tendo escrito esse livro, tendo depositado esse livro no panteão da nossa amada língua portuguesa, eu tenho a sensação de que estou cumprindo o meu dever.
Na solenidade de entrega do Prêmio Jabuti aos vencedores de 17 categorias, realizada na última terça-feira (20) no Memorial da América Latina, em São Paulo, o outro grande vencedor da noite foi o advogado e consultor de marketing Francisco Alberto Madia de Souza, que recebeu o prêmio livro do ano de não-ficção com "Os 50 mandamentos do marketing". Ele, que também recebeu o cheque de R$ 30 mil, foi o primeiro colocado na categoria Ciências Exatas, Tecnologia, Informática, Economia, Administração, Negócios e Direito.
Foram premiados 71 profissionais e 40 editoras. O clima de festa embalado pelo coquetel servido antes e depois da cerimônia mostrava uma certa satisfação na democrática e politicamente correta distribuição dos prêmios. As premiações foram desconcentradas das grandes editoras e até a pequena M. Books, de "Os 50 mandamentos do marketing", ganhou o Livro do Ano. Ao todo, segundo a CBL, foram premiados 71 profissionais e 40 editoras. Assim, é difícil não sorrir.
Nem com o baixo desempenho do mercado editorial. Em seu discurso, o presidente da CBL, Oswaldo Siciliano, citou os 35 mil títulos lançados no último ano e os 320 milhões de exemplares impressos.
Mas o clima era de festa para esquecer o pífio desempenho das vendas em 2004, igual ao de 1991. Os 289 milhões de livros vendidos no último ano, conforme dados da própria CBL, representam um milhão a menos do que os números do começo dos anos 90.
Mas nem tudo é desgraça porque as vendas de 2004 chegam a ser um avanço em relação as do ano anterior. O que ninguém quer é lembrar de 2003, o pior ano para o mercado desde 1992.
- Nosso país precisa urgentemente de mais leitores e de mais livros - proclamou Siciliano.
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