Nos quadrinhos, os romanos sempre tentaram, mas nunca conseguiram invadir a pequena aldeia gaulesa onde moram Asterix e Obelix. Porém nem mesmo com as poções preparadas pelo druida Panoramix foi possível frear o avanço das animações em 3D. Depois de décadas de sucesso no bom e velho formato em duas dimensões, a animação ‘Asterix e o Domínio dos Deuses’ que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7), é o primeiro filme da série em 3D.
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Com a cooptação de Asterix para a onipresente tecnologia, cai um dos últimos bastiões da animação em duas dimensões no cinema.
Ascensão do 3D asfixiou animação tradicional
Leia a matéria completaOs invasores, no entanto, não são romanos. São filhos da Gália: o filme é dirigido pelos franceses Alexandre Astier e Louis Clichy, este último animador que trabalhou em “WALL-E” e “Up: Altas Aventuras”, da Pixar, e também responsável pelo trabalho gráfico.
Baseado no álbum homônimo de 1971 assinado pela dupla René Goscinny e Albert Uderzo, o filme fala sobre a construção de um condomínio de luxo ao redor da aldeia gaulesa. É uma manobra do imperador romano Julio César para conquistá-la, que será combatida por Asterix e Obelix.
Em entrevista ao site francês Telerama, Clichy disse que o 3D ajudou a contar a história, pois “elementos como a arquitetura das mansões dos deuses realmente foram realçados .”
Na Europa, o novo formato se traduziu em críticas positivas e bom resultado de bilheteria.
Fidelidade aos quadrinhos
Na expectativa do lançamento do filme no Brasil, o desenhista Ricardo Manhães, que trabalha no mercado franco-belga de quadrinhos e já assistiu ao filme, diz que o design dos personagens respeita os gibis em todos os detalhes, indicando um trabalho dedicado da equipe de animação.
Manhães foi o único autor latino-americano convidado para participar de um álbum em homenagem a Asterix autorizado por seu criador, Uderzo.
“O filme ficou fiel às intenções da HQ. Apenas se sente que o cinema impõe outro ritmo, a história parece mais longa”, afirma.
Fã da série, o quadrinista José Aguiar observa que a animação em 3D foi mais fiel ao traço original que os desenhos anteriores em 2D.
“O traço do Uderzo é difícil de animar. Sempre ficava truncado nos desenhos antigos. Em 3D há o problema de padronizar tudo, mas os personagens estão mais reconhecíveis”, diz.
Aguiar também destaca a fidelidade do roteiro à história original. “O que sempre me incomodou nessas adaptações foi a colcha de retalhos de histórias vindas dos álbuns. Essa ficou bacana, pois desenvolveu uma trama só e fez um paralelo com o presente. Coisa que as HQs sempre fazem.”
Colecionador dos álbuns de Asterix, o escritor Walmir Assunção se programou para ir à primeira sessão do filme. Ele não se incomoda com as liberdades das adaptações para o cinema. “Não sou purista. Desde que não mexam nos gibis, tudo bem”, diz. “Li críticas boas sobre este filme. E acho que o Obelix 3D vai ficar melhor que o Gérard Depardieu”, brinca.
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