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Paiol de pólvora: evento literário terá outra sede neste ano | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Paiol de pólvora: evento literário terá outra sede neste ano| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Polêmica

Falta de acordo sobre apoio da prefeitura de Curitiba a evento literário deflagrou debate acalorado entre gestores culturais locais:

"Não estamos aqui para sustentar iniciativas isoladas e, sim, para trabalharmos conjuntamente no fomento a ações que possibilitem engrandecimento cultural de Curitiba, independentemente do tamanho do projeto, do cargo ou das relações do proponente."

Igor Cordeiro, superintendente da Fundação Cultural de Curitiba

"A FCC precisa repensar a forma como trata os produtores culturais sérios e, também, as suas diretrizes de trabalho que parecem não estar muito claras. Nosso projeto tem visibilidade nacional, mas foi tratado de uma forma desrespeitosa e pouco profissional."

Rogério Pereira, organizador do Paiol Literário e diretor da Biblioteca Pública do Paraná

R$ 30 mil

é o valor que a antiga gestão da FCC repassava ao Paiol Literário.

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A semana começou tensa nos gabinetes oficiais da cultura curitibana. Na segunda- feira, o editor do jornal literário Rascunho e diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira, publicou na internet (www.vidabreve.com) uma carta aberta ao prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), em que faz críticas à atuação da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Nas palavras dele: "um circo cujos maltrapilhos palhaços não passam de porcos chafurdando no excremento municipal".

Toda a polêmica gira em torno do repasse de recursos municipais para a realização da edição deste ano do Paiol Literário. O evento é organizado por Pereira e desde 2006 traz escritores brasileiros para bate-papos com leitores no Teatro do Paiol. O encontro literário recebia verba da FCC até o ano passado para custear parte dos gastos.

Neste ano, após a mudança na gestão municipal e da equipe que comanda a FCC, o apoio teve de ser renegociado. Nos anos anteriores, o Paiol Literário recebia da fundação cerca de R$ 30 mil, Pereira. Parte do dinheiro era repassada como apoio direto da entidade ao projeto e outra parte era paga por meio de publicidade da instituição nas páginas do Rascunho.

O superintendente da FCC, Igor Cordeiro, afirmou em nota que "não há no entendimento de nossa gestão a possibilidade da simples transferência de recursos para produtores". Ainda de acordo com Cordeiro, não há registro de nenhum repasse da FCC para o Paiol Literário em 2012. Cordeiro explica a FCC ofereceu diversas contrapartidas para viabilizar o evento, como hospedagem, passagens aéreas para os convidados, assessoria de imprensa e a cessão do Paiol. Mas todas teriam sido recusadas por Pereira, que teria, nas palavras de Cordeiro, insistido no pedido de apoio financeiro direto.

Para a FCC, isto é "inegociável", pois, segundo Cordeiro, fere o princípio da isonomia e transparência da administração pública, já que qualquer despesa "requer uma série de formalidades e abertura de edital que garanta amplas condições para que todos os possíveis interessados participem". O superintendente afirmou ainda que para "não permitir achaques à instituição e devido ao deliberado ataque pessoal", entrou com um processo na Justiça contra Rogério Pereira.

Outro lado

Procurado pela reportagem, Pereira disse que sua indignação não se deve ao fato do patrocínio ao evento ter sido negado e, sim, por ter sido tratado de "forma desrespeitosa e pouco profissional". "A FCC precisa repensar a forma como trata os produtores culturais sérios e, também, as suas diretrizes de trabalho que parecem não estar muito claras", disse.

O diretor da Biblioteca Pública reconhece o tom "duro" de sua carta, mas alega que foi motivado pela gravidade do tema. Ele também diz não concordar com a justificativa da FCC. "Ela [Fundação Cultural] tem de usar os editais públicos em regra, mas também precisa ter capacidade de apoiar e patrocinar projetos de interesse da cidade, que têm reconhecimento e visibilidade nacional", afirmou. Pereira disse que vai manter o evento "por conta própria e em outro local". Ele negou que o debate seja reflexo da briga entre os grupos políticos adversários que dominam os governos municipal e es­­ta­­dual. "Quem acha que um projeto que traz escritores para Curitiba serve para a briga política não sabe como funciona a política", afirmou Pereira.

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