Bruna Surfistinha foi parar no "New York Times". A entrevista para o jornal mais famoso do mundo foi realizada no carnaval deste ano e só publicada nesta quinta-feira (27). Escrita pelo polêmico jornalista Larry Rohter, aquele que chamou o presidente Lula de bêbado e foi ameaçado de expulsão do Brasil, a matéria destaca os feitos da ex-garota de programa não só no mundo literário mas na discussão "sobre valores e práticas sexuais" no país.
"Obtendo sucesso com seus relatos de garota de programa, ela acabou levantando um debate sobre valores e práticas sexuais, revelando que o país não é sempre tão liberal como parece", diz a matéria referindo-se ao sucesso do best-seller "O doce veneno do escorpião".
Bruna, cujo apelido se transformou em "the little surfer girl", contou ao jornal que começou contando suas aventuras na internet por acidente. "Eu queria mostrar o que se passava na cabeça de uma garota de programa e não encontrava nada parecido na internet. Pensei: se eu tenho essa curiosidade, outras pessoas também devem ter", disse ela.
A ex-garota de programa ainda derruba o mito da mulher fatal brasileira: "Elas têm esta imagem sexy, de mulher à vontade e desinibida na cama. Mas quem vive aqui sabe que isso não é verdade".
O jornalista americano recorreu até a um antropólogo da Universidade da Columbia para questionar a fama de país do oba-oba. "O carnaval e a sensualidade no ar dão a impressão de que o Brasil é excepcionalmente permissivo e liberal, especialmente comparado a outros países católicos. Mas especialistas mostram que a situação, na verdade, é muito mais complicada, o que explica o sucesso de Bruna e as reações fortes provocadas por ela".
Na palavras do antropólogo Richard Parker, professor e autor de "Corpos, prazeres e paixões: a cultura sexual no Brasil contemporâneo", nosso país é cheio de contradições, inclusive em relação à sexualidade: "Há certo espírito da transgressão na vida diária, mas há também muito moralismo", disse ele.
Para tentar explicar novamente o sucesso de Bruna Surfistinha no Brasil, a matéria recorre à colunista e professora de teologia da PUC do Rio de Janeiro, Maria Clara Lucchetti Bingemer:
"Isso é fruto de um tipo de sociedade que faz de tudo para ganhar dinheiro, incluindo vender seu corpo para conseguir comprar um celular. Sempre tivemos prostitutas, mas era uma coisa ocultada, proibida. Agora é uma opção profissional com algo mais, e isto é uma coisa realmente chocante."
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