O dever profissional me chamou e, pela primeira vez na vida, assisti a uma final do Big Brother Brasil. Respeito quem aprecia o programa, mas é algo pessoal: simplesmente não consigo ver um episódio, ouvir a voz de Pedro Bial e os gritos de “uhuuu” acionam algo no meu organismo que torna mais agradável sintonizar no Canal do Boi do que acompanhar a saga dos ‘brothers’.
A sensação de acompanhar a expectativa em torno do possível vencedor foi como a de chegar a uma festa de faculdade já beirando os 40 anos. É um outro mundo, de certa forma alienígena, mas que, na verdade não tem nada de anormal. Pensei que talvez seja isso que faz o programa ainda ser popular, inclusive como prazer secreto de muitos.
Nessa festa estão todos aqueles tipos com os quais trombamos por aí: o cara engraçadão, o galã metido a valente, a garota desbocada, a princesinha inocente (ou nem tanto). Paramos em frente à tevê para acompanhar aquilo que poderia ser a conversa sem pé nem cabeça dos seus amigos bêbados, a discussão do casal do apartamento de cima, a paquera desengonçada do seu velho companheiro de balada. Mas com a vantagem de não ter a sua realidade para atrapalhar.
É curioso que as pessoas busquem o antídoto para as agruras da vida real no próprio cotidiano refletido. Pode ser que elas se sintam felizes em saber que existe uma competição na qual não é preciso nenhum talento para sagrar-se vencedor. É uma espécie de representação da vitória do dia a dia, aquele troféu que você nunca ganhou depois de vencer o atendente de telemarketing que quis te empurrar algo. Para mim não serve, acho que a realidade em si já basta. Quem sabe se houvesse um BBB dirigido por David Lynch, em que um anão apareceria de madrugada no quarto do líder, eu me interessaria.
Deixe sua opinião