Programe-se
Saiba mais sobre a programação da Oficina de Música no Paço da Liberdade
Música antiga e erudita
Dia 19 18h: Quarteto Sinergia
Música erudita para piano, violinos, violoncelo. Direção do pianista Herculano Araújo Jr.
Música Popular
Dia 21 18h: Cumieira
Música instrumental
Dia 22 12h30: Ezequiel Paz
Concerto solo para violão 7 cordas
Dia 26 18h: Dante Ozetti
O músico e compositor, irmão de Ná Ozetti, executa peças ao violão
Dia 27 12h30: Daniel Migliavacca
Concerto-solo para bandolim
Dia 28 18h: Turi Collura
Pianista e compositor italiano radicado no Brasil desde 2002
Serviço
Sesc Paço da Liberdade (Pça. Generoso Marques, 180), (41) 3234-4.200. Todos os eventos são gratuitos
Quando não produz ou amola facas, Rodrigo Bichara dedica a maior parte de seu tempo à música. Ouve composições eruditas, com ênfase às do período barroco converse com ele sobre Bach e ganhe um amigo. O cuteleiro de 30 anos nunca havia colocado os pés no assoalho brilhante do Paço da Liberdade até às 12h30 da última terça-feira, quando acompanhou atento e de pé o concerto do instrumentista paulista Guilherme de Camargo. O espaço, administrado pelo Sesc e reinaugurado no dia 29 de março do ano passado, é uma nova opção para os concertos da 28.ª Oficina de Música de Curitiba, que segue até o próximo dia 31.
E, como Bichara, muitos são atraídos para o prédio, fincado na Praça Generoso Marques. São músicos delatados por seus instrumentos às costas, turistas com mapas e câmeras a tiracolo e curiosos que, pela primeiríssima vez, viram ressoar o som cristalino de um alaúde renascentista e de uma guitarra barroca, especialidades do instrumentista.
Além das mais de cem pessoas que lotaram o salão no último dia 12, os funcionários do local também têm a oportunidade única de ouvir o que não se ouve todo dia. "Ouço um pouquinho. Tá baixinho, né?", pergunta Alex da Silva, 27 anos, segurança do Paço, durante a apresentação. O curitibano trabalha das 10 às 22 horas, dia sim, dia não. Apesar de admitir que "não gosta muito desse tipo de música" com ele é mais rap e hip-hop , o encontro com as composições dos séculos 17 e 18 de Thomas Robinson, Francis Cutting, John Dowland, Robert de Visèe e Gaspar Sanz não incomoda. "Já que ficamos circulando por aí a gente ouve. Não é a minha praia, mas é bonito sim", diz.
O concerto, gratuito, durou 48 minutos. E por todo esse tempo, as pessoas que não tomaram os cerca de 50 assentos permaneceram ajoelhadas, agachadas e na ponta dos pés. Observavam também os afrescos no teto e os entalhes em madeira maciça nas seis portas laterais.
Na mira de mais de 200 olhos, Guilherme de Camargo entrou concentrado e, logo depois da primeira música, levantou a cabeça. "Estou assustado. Não imaginei que houvesse tanta gente."
O músico participa pela quarta vez da Oficina de Música. Dá aulas de alaúde, um de seus instrumentos. "É um lugar lindo. O concerto foi ótimo, a plateia estava empolgada e receptiva. Há que ter mais coisas por aqui", comenta o paulista, que justifica o grande público citando o exotismo dos instrumentos e o interesse por quem é da área. "Instrumentos de corda antigos são uma nova possibilidade principalmente para quem é violonista. Há uma fatia de mercado muito boa nessa área, já que poucos se interessam."
Reclamação unânime, mas que não chegou a atrapalhar o espetáculo, foi o calor. Há ar condicionado na sala, mas, a pedido do músico, o sistema foi desligado devido à possível interferência sonora o instrumentista tocou sem amplificação. "Vou tocar outra música antes que tenhamos que ser recolhidos em garrafinhas", brincou o próprio Camargo. Elizabeth Fadel e Trio se apresentaram no mesmo dia, às 18 horas. Com o ar-condicionado ligado, não houve maiores problemas, mesmo com o Paço abarrotado.
Até o final da Oficina, o Paço da Liberdade ainda abrigará seis concertos, cinco deles de música popular brasileira (leia quadro ao lado). No segundo andar do espaço, aconteceu também a realização do Ópera na Tela, evento que levou regravações de óperas e documentários musicais para o cinema. "A Oficina de Música é superimportante e não queríamos perder esse vínculo que o prédio tem com a cultura da cidade", justificou a assessoria de imprensa do Paço.
História
A grande sala onde os concertos estão sendo realizados fica no terceiro andar do prédio, e já foi gabinete de 42 prefeitos da cidade. Inaugurado em 24 de fevereiro de 1916, o edifício foi sede da prefeitura municipal de Curitiba até 1969. Em 1974, sediou do Museu Paranaense, que permaneceu no local até 2002. Em 2006, o Sesc Paraná assumiu a administração do prédio por 50 anos com possibilidade de renovação por mais 50 , o reinaugurado três anos depois, no aniversário da cidade.
O terreno onde se encontra foi utilizado pelo antigo Mercado Municipal de Curitiba, e é possível observar parte do antigo piso em uma claraboia disposta no local. O edifício também é o único do Paraná a ser tombado patrimônio histórico pelas três instâncias de governo municipal, estadual e federal.
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