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Imortalizada por interpretações intensas, Elis Regina (1945 – 1982) também teve seu lado sacolejante. Não que ele não seja reconhecido, porém sempre foi ofuscado pelos momentos, digamos, mais técnicos da cantora gaúcha. Mas se Elis ganhou o apelido de Pimentinha, foi justamente por esquentar platéias com seu carisma e segurança em cima do palco.

Essa faceta suingada é o mote de Elis Revistada, compilação que abrange faixas gravadas pela artista entre 1969 e 1974. O CD faz parte da Coleção Revisitados, da gravadora Dubas, que já colocou nas lojas coletâneas semelhantes de Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil e Luiz Melodia. Voltados para o mercado estrangeiro, os discos (cujos encartes trazem textos em inglês e francês) enfocam o período mais "colorido", ou "tropical", dos nomes em questão.

E com Elis não poderia ser diferente. De "Zazueira" (Jorge Ben) a "Madalena" (Ivan Lins/ Ronaldo Monteiro), o CD conta apenas com canções no melhor estilo "levanta povão" – como gosta de definir um dos principais parceiros da cantora, Jair Rodrigues. Selecionadas pelo próprio dono da Dubas, o letrista Ronaldo Bastos, as faixas contemplam os álbuns Elis, Como & Porque (1969), Elis Regina in London (1969), Aquarela do Brasil – Elis Regina & Toots Thieleman (1969), Elis no Teatro da Praia (1970), Em Pleno Verão (1970), Ela (1971), Os Maiores Sambas Enredos de Todos os Tempos (1971), Elis (1972), Elis (1973), Elis (1974) e Elis & Tom (1974). Todos lançados originalmente pela gravadora Philips.

Ao longo do disco, há um impressionante desfile de instrumentistas do primeiro time: Antonio Adolfo (piano), Roberto Menescal (violão), Wilson das Neves (bateria), Cesar Camargo Mariano (piano), Chico Batera (percussão), Oscar Castro Neves (violão), Hélio Delmiro (guitarra), Toninho Horta (guitarra). Entre os compositores, destaque para Edu Lobo, Ary Barroso, João Bosco, Baden Powell, Gilberto Gil, Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes – além dos já mencionados Jorge Ben e Ivan Lins.

Uma combinação de sofisticação e despojamento é a marca da seleção, cujo ápice não poderia ser outro senão "Águas de Março" (Tom Jobim). Mas canções menos óbvias (se isso for possível, em se tratando de um mito como Elis) também aparecem, a exemplo de "É com Esse Que Eu Vou" (Pedro Caetano), "Bala com Bala" (João Bosco e Aldir Blanc) e "Amor Até o Fim" (Gilberto Gil). Dá até para imaginar a gringolândia dançando desajeitada. GGG

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