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Samuel, Júlio, Dinho, Sérgio e Bento: Mamonas Assassinas foram um fenômeno de vendas | Divulgação
Samuel, Júlio, Dinho, Sérgio e Bento: Mamonas Assassinas foram um fenômeno de vendas| Foto: Divulgação

Trajetória

Saiba mais sobre os Mamonas Assassinas:

História

A banda deu os primeiros passos no fim da década de 80, em Guarulhos, com Samuel, Sergio e Bento inspirados em grandes nomes do pop brasileiro. Nascia o grupo Utopia e foi por meio dele que conheceram Dinho (Alcsander Alves) e Júlio. O clima descontraído das apresentações ganhou mais destaque do que as músicas interpretadas, e assim nascia o Mamonas, no início de 1995, meses antes de assinarem contrato com a EMI e lançarem um disco..

Homenagens

Anos após o acidente na Serra da Cantareira, os Titãs regravaram a faixa "Pelados em Santos", para o disco de versões As 10 Mais, lançado em 1997. Os torcedores do Flamengo utilizam atualmente algumas músicas dos Mamonas Assassinas enquanto torcem nos estádios e até o cantor português Roberto Leal lançou uma nova versão de "Vira-Vira", como agradecimento à banda.

Produção

A produção do disco Mamonas Assassinas é um dos marcos no início da carreira de Rick Bonadiu. Ele também trabalhou com os grupos Charlie Brown Jr, Fresno, Tihuana, entre outras bandas.

"Câmera, croquete e ação." Assim começa o registro de uma das passagens dos Mamonas Assassinas por Curitiba. Em setembro de 1995, a cidade recebeu duas apresentações da banda, no intervalo de uma semana. Tocaram dia 16 no extinto Clube Babilônia, continuaram com sua frenética turnê de apresentações diárias pelo interior, para retornar e subir ao palco do também finado Chocolate Chic em 23 de setembro.

O registro, feito no Clube Babilônia, é facilmente encontrado no site YouTube (clique aqui para assistir) (basta digitar "Mamonas Assassinas" e "Curitiba" na busca) e o que impressiona nos seus quase nove minutos de duração é a energia que transbordava a cada longa e cínica piscada de Dinho, como quando diz a frase que abre esta reportagem. Com a mesma jaqueta usada no clipe do hit "Pelados em Santos", o vocalista não para de fazer piadas, imitações e palhaçadas. Alegria e honestidade no ar.

Essas duas características estão no legado deixado pelo quinteto de Guarulhos em sua breve e estabanada passagem pela música pop brasileira. Alegria e honestidade. Marcas que não se perderam com a queda do Lear Jet 25, PT-LSD na Serra da Cantareira (SP), há exatos 15 anos, na madrugada de domingo, 2 de março de 1996. Naquele dia, o país chorou com o trágico fim de Dinho, Samuel e Sérgio Reoli, Júlio Rasec e Bento Hinoto.

A música brasileira ainda mal começara a sentir o gosto do divertimento musical sacana, com muita espontaneidade e desprendimento. Vivia também um fenômeno raro na história da indústria fonográfica nacional, testemunhando uma média de 100 mil discos vendidos a cada dois dias.

O país não só aceitava, mas consumia com avidez todas as citações e referências sertanejas, punks, bregas e metaleiras encontradas no álbum produzido por Rick Bonadio. E a prova estava nas rádios de todo o país. Era normal encontrar crianças cantando "Sabão Crá-Crá" com a inocente malícia de estarem falando um palavrão ("sabão cru-cru, sabão cru-cru, não deixa os cabelos do..."), sem falar nas imitações do "Robocop Gay", outro sucesso da banda. Situação inimaginável nos atuais tempos politicamente corretos, ainda que exista uma inegável nostalgia de Dinho e de sua trupe, cujo humor ao mesmo tempo ingênuo e meticuloso faz muita falta.

"Eles eram aquilo mesmo. Não era armação", lembra o jornalista Sérgio Martins, crítico musical da revista Veja e editor da revista Bizz na época do surgimento da banda. "Era bem engraçado. Eles começaram com um público que não era popularesco, era a turma que gostava do rock. Quando a banda começou a se tornar massificada, passou a sofrer preconceito. Um dos primeiros materiais que nós publicamos sobre os Mamonas foi um pôster encartado na revista. Um leitor teve coragem de limpar a bunda com ele e mandar de volta para a redação", lembra Martins.

Tais extremos acompanharam a banda. Trajes infantis, como o uniforme do seriado Chapolim, e letras picantes; qualidade técnica musical a embalar erros de português.

Infelizmente, essa alquimia foi deturpada logo após o trágico desfecho. Quando se digita "Mamonas Assassinas" no Google, os primeiros links que aparecem falam da "maior banda pop do brasil" e alguns trazem caminhos digitais para a visualização das fotos de seus corpos após o acidente. Um mórbido sinal dos tempos.

O responsável por essas fotos é Fernando Cavalcanti, que trabalhava na época para o jornal Notícias Populares e foi o primeiro fotojornalista a chegar ao local do acidente, junto com a equipe de busca. "Era a primeira vez que eu fotografava um acidente envolvendo ídolos nacionais. Virei a noite trabalhando e nem pensei no que estava fazendo. Quando cheguei em casa, encontrei minha família supertriste reunida para o almoço de domingo. Foi ai que começou a cair minha ficha. Quando fui me trocar, notei que estava usando uma camiseta dos Mamonas Assassinas", contou o fotógrafo à reportagem da Gazeta do Povo. Cavalcanti tinha ganhado a camiseta da própria banda, dois meses antes do acidente.

Documentário

O final trágico da história do grupo não interessa a Cláudio Kahns. Diretor do documentário Mamonas pra Sempre, ele buscou registros que lembram a "alegria, diversão e humor escrachado deles. Foi o que caiu no gosto do povo brasileiro e continua até hoje". A tarefa foi trabalhosa e envolveu uma série de negociações com emissoras para a liberação de imagens, assim como a busca por diferentes fontes.

Kahns conta que "a idéia era fazer um longa sobre eles". "Durante o processo de captação de imagens e entrevistas com pessoas próximas, reunimos um material bem legal que acabou se transformando neste documentário", conta. Produzido pela Tatu Filmes, o lançamento nacional de Mamonas pra Sempre acontece no próximo dia 27 de maio. Mas não para ai: "Ainda quero fazer a cinebiografia deles. Até hoje as crianças cantam suas músicas em festinhas de aniversário... é uma boa história que precisa ser lembrada", conclui o diretor.

Serviço:

Veja o trailer e fotos do documentário "Mamonas pra Sempre" (clique aqui).

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