Propaganda de uma escarradeira, utensílio obrigatório da década de 1920| Foto: Reprodução

Serviço

Revista Souza Cruz – Uma Antologia (1916-1935)

Todo o conteúdo pode ser acessado gratuitamente na internet pelo site www.revistasouzacruz.com.br.

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Ilustração do artista plástico Di Cavalcanti publicada em 1929
Capa da edição nº 1 da revista, de novembro de 1916
Poema inédito e exclusivo de Manuel Bandeira publicado em 1930
Revista Souza Cruz – Uma Antologia (1916-1935)
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Poemas inéditos e exclusivos de autores como Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos e Cecília Meireles todos os meses.

Reportagens especiais assinadas por João do Rio e Herbert Moses. Textos de Lima Barreto publicados em forma de folhetim. Páginas com ilustrações de Di Cavalcanti.

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Este era o conteúdo da revista Souza Cruz, publicação mantida pela fábrica de cigarros brasileira que lhe dava o nome entre os anos de 1916 e 1935 e que tinha entre sua equipe de colaboradores figuras hoje consagradas na inteligência brasileira.

A maior parte do material do periódico acaba de ser relançada no pacote Revista Souza Cruz – Uma Antologia (1916-1935), que reuniu quase a totalidade do acervo da publicação – das 211 edições do suplemento, 13 não foram encontradas. A antologia será distribuída para bibliotecas e universidades públicas e está disponível para consulta na internet.

De acordo com o organizador do projeto, Márcio Debelian ,"esta antologia joga luz em um importante acervo do início do século 20 e traz como recompensa compartilhar surpresas e descobertas que nos arrebataram durante sua preparação".

Nos 19 anos em que revista circulou – inicialmente com periodicidade mensal e depois bimestral – a Souza Cruz chegou a ter 70 mil assinantes em todo o país.

Para o organizador, a republicação da revista serve hoje como registro de várias vertentes da cultura, política, comportamento e mercado – e também da imprensa – do Brasil da República Velha e do período pós-Revolução de 1930 até o momento em que o presidente Getúlio Vargas preparava o terreno para o golpe totalitário do Estado Novo (a revista parou de circular pouco depois da sanção da Lei de Segurança Nacional, que visava proteger o Estado da subversão da lei e da ordem).

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Temas

A antologia foi dividida em sete fascículos temáticos. Debelian explica que, como seria impossível reproduzir todas as edições na íntegra, fez a opção em ressaltar os aspectos mais recorrentes da sua linha editorial: poesia, literatura, crônicas, publicidade, questões relacionadas ao universo feminino – fascículo "Mulher" – e às artes visuais – fascículo "Galeria".

Há ainda a reprodução fac-símile do primeiro número da revista. Cada um dos fascículos tem um texto de apresentação que analisa a contribuição da revista Souza Cruz na tradição dos periódicos de cultura no Brasil.

No capítulo dedicado à publicação de poesia, o ensaísta Antonio Carlos Secchin observa que, além de textos inéditos, a revista também dava espaço para a crítica e que as presenças mais frequentes de poetas colaboradores revelava o prestígio literário do convidado.

Se há textos de Bandeira, Guilherme de Almeida e Olavo Bilac, há outros casos em que a posteridade não confirmou a fama momentânea dos poetas.

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A programação gráfica merece destaque. Não foi criada uma tipologia oficial, o que fez com que o periódico tivesse uma nova identidade a cada número. Artistas plásticos consagrados também participam do suplemento.

No prefácio do fascículo "Mulher", a escritora Márcia Tiburi compara as diferenças de papéis que cabiam às mulheres de ontem e de hoje. Na época, as mulheres eram o público alvo da propaganda veiculada na revista. "Reclames" de tônicos capilares e elixires milagrosos, de moda para mulher e para crianças, e de escarradeira, eram os principias anunciantes da publicação.