Com 13 minutos de atraso, o balé Czares da Rússia iniciava sua programação de nove números para um Teatro Positivo de lotação mediana. A menina Juliana enfatizava minutos antes: "A mãe disse que vai ser o maior espetáculo do mundo!".
Um público ansioso e bem heterogêneo, formado por crianças, universitários, idosos e pessoas que viam um balé pela primeira vez na vida, aguardava a entrada dos bailarinos das quatro grandes companhias russas. Mas para quem esperava gigantismos e exuberâncias, o balé confirmou que os russos são o suprassumo do rigor profissional quando se trata de bailarinos, mas deixam muito a desejar no que se refere à produção do espetáculo.
O retorno de som à plateia estava muito aquém das capacidades do Teatro, reconhecido por sua boa acústica. Atrás dos bailarinos, que em apenas um número dançaram em grupo, uma cortina torta irritava por seu tom insípido e pela possível crise em espectadores com transtornos obsessivos compulsivos. Quem estava mais para trás e respeitou a numeração de seu ingresso (o que deve ter sido na proporção de sete para um) não conseguiu entender muito bem o que estava sendo dito ao microfone. Também impressionou a falta de um programa, item básico.
Entre as palmas fora de hora, uma bailarina que se embolou na cortina lateral ao fim de uma das coreografias e a tradicional fila de intervalo na bombonière do Teatro, ao menos três momentos ficarão marcados: a exuberância do pas de deux de Scheherazade, de Anna Sysoeva, Mikhail Venshchikov, a belíssima interpretação de A Morte do Cisne, também de Anna Sysoeva, e a delicadeza de A Bela Adormecida, a coreografia emblemática de Marius Petipa, em performance de Elena Andrienko e Sergey Neykshin.Para o público, o principal foi cumprido. "É importante que a cidade faça mais parte do circuito de balé. Assim nós temos a possibilidade de saber o nível de virtuosismo do que é produzido lá fora e ampliamos nosso repertório artístico", diz Thatiana Xavier, estudante de Dança na FAP.
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