Nômades traz um sopro de vida

Nômades é um espetáculo que começa de forma muito estranha, sem dar pistas de para onde vai. Curiosamente, é bem sobre isso que as atrizes começam falando, sobre teatralidade e do que, enfim, a peça trata.

O espetáculo estreou em Curitiba nesta sexta-feira (3) e tem nova apresentação no sábado (4), com ingressos esgotados.

Andréa Beltrão, Malu Galli e Mariana Lima interpretam amigas abismadas com o suicídio de uma outra integrante do grupo. Em meio aos diálogos de espanto com a finitude da vida e a atitude da amiga que perpassam a peça, elas buscam caminhos de consolo e explicação. Com ótimo timing, as atrizes se fantasiam como cantores e interpretar esses ícones pop.

De início, usam a dublagem, trazendo ao palco Donna Summer, Maria Bethânia, Amy Winehouse. À medida que a conversação conduz as amigas cariocas a novas descobertas e à aceitação da decisão da falecida, porém, um novo tipo de sinceridade é exigido e elas passam a cantar a viva voz.

Andréa Beltrão dá um show como Kurt Cobain e Michael Jackson. A atriz, que pediu para participar da produção dirigida por Marcio Abreu (da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba), se expõe no espetáculo com conteúdos aparentemente pessoais e traz vida à encenação.

Mariana Lima também dá uma guinada para cima na peça com sua performance de dança à Flashdance.

Mas quem espanta no final do espetáculo é o cenário, que se parte ao meio e expõe as entranhas do Guairão, num recurso já investigado por Abreu em montagens anteriores.

Em alguns momentos o texto cansa e soa didático ao repetir ideias. De todas, porém, a mais tocante diz que a única forma de liberdade é voltar a ter o olhar da criança, que vive o presente e olha o que tem nas mãos sem desviar a atenção.

Na saída, um casal conversava sobre o que vira e definiu: “Essa é uma peça conceitual. Sobre como a morte influencia a vida”.