Famosa tanto pela beleza que lhe abriu as portas da carreira artística quanto pelas incontáveis polêmicas que fecharam várias delas, a atriz, cineasta e cantora Norma Bengell, 78 anos, morreu na madrugada de ontem, no Rio de Janeiro, vítima de câncer no pulmão. Norma lutava contra a doença havia pelo menos seis meses, e estava internada desde o último sábado.
Começou a trabalhar no início dos anos 1950, primeiro como modelo e, depois, como vedete do teatro de revista. O convite para fazer cinema veio aos 23 anos, quando contracenou com Oscarito na chanchada O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga, fazendo uma paródia de Brigitte Bardot.
Dois anos depois, sua nudez explícita no longa-metragem Os Cafajestes (1961), de Ruy Guerra, seria a primeira cena do gênero no cinema nacional e causaria escândalo. Sua atuação no premiado O Pagador de Promessas (1962) a levou a ser contratada pelo produtor italiano Dino de Laurentis, que a levou para atuar em produções italianas e francesas.
Em 1968, ano em que encenou a peça Cordélia Brasil, de Antônio Bivar, em São Paulo, foi levada ao Rio por três homens do 1.º Batalhão Policial do Exército, onde foi interrogada por cinco horas sobre "a subversão na classe teatral". Atriz de filmes que costumavam cair no radar da censura, Norma se exilou na França em 1971. Em 2010, a atriz ganhou status de anistiada política, além de direito a indenização.
A atriz se envolveu num imbróglio jurídico por causa da prestação de contas de O Guarani (1996), longa-metragem em que acumulou os papéis de produtora e diretora. O filme teve autorização para captar, via leis de renúncia fiscal, R$ 3,9 milhões. O Ministério da Cultura achou notas frias na prestação de contas. A Justiça do Rio decretou a indisponibilidade dos bens de Norma, e ela foi indiciada pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e apropriação indébita.
Seus últimos trabalhos foram no seriado de tevê da Globo Toma Lá, Dá Cá, em 2008 e 2009.
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