Ator de “Escola do Rock” também é fundador da banda Tenacious D.| Foto: Equi

Jack Black entra de óculos escuros numa sala de um hotel em São Paulo. Os tira após os primeiros passos, sobe no tablado e começa a fazer poses diversas (aponta para os jornalistas, pula, finge que surfa). O ator, músico e comediante veste uma camisa extra-grande, cuja estampa é a cabeça de um cão rotweiller, uma calça de moletom e tênis pretos. Cruza as pernas antes de responder às perguntas. E as responde (sobre o filme, a carreira, e séries de tevê) com um humor genuíno, que alterna entre o sarcasmo e a autodepreciação:

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Em “Goosebumps” você interpreta um escritor (R. L. Stine). Há algum tipo de comparação possível em relação ao papel de Philip Seymour-Hoffman na pele de Truman Capote, também um escritor?

Uma vez uma mulher me disse: “Adoro todos os seus filmes, mas o meu preferido é “Boogie Nights” [de Paul Thomas Anderson, com Hoffman]. Eu disse “obrigado”. São performances diferentes, acho que não tem como comparar. Philip é um dos meus heróis.

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Qual seu personagem mais importante até agora e de onde vem sua inspiração artística? De Hollywood ou do cinema independente?

O papel mais importante foi Berry em “Alta Fidelidade” (2000). Me fez começar de verdade e não precisei fazer mais audições depois disso. Em seguida comecei com minha banda, foi um período muito criativo. Sobre a inspiração: acho que as duas categorias são igualmente importantes. Este é obviamente um filme comercial, mas também me dá satisfação. Por outro lado, gosto de filmes com baixo orçamento porque você precisa trabalhar rápido.

“Escola do Rock” vai virar série?

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Sim, haverá uma série de tevê e uma peça da Broadway. E eu não tenho nada a ver com isso, não me mandaram nenhum cheque ainda. Acho injusto...

No começo do filme, seu personagem é sinistro, quase um vilão, mas ele se desfaz aos poucos. Você tem vontade de interpretar um vilão clássico?

Fiz um vilão em um filme que acho que ninguém viu: “A História sem Fim 3” (1994). Eu era muito jovem, isso foi antes de eu achar a minha voz... O Stine é muito antissocial, e só parece uma pessoa má. Na verdade, ele tem dificuldade de se relacionar. Criou muros e monstros para se proteger.

Atuar com adolescentes e fazer filmes para adolescentes é bacana?

Eu fico confortável com isso. O casal protagonista está ótimo e eles são o coração do filme. Sem aquela história de amor, “Goosebumps” não funcionaria. E não há mais filmes assim, assustadores e ao mesmo tempo divertidos.

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Já que você fez a voz do Slappy, o principal inimigo de Stein, como seria o Slappy fazendo a voz de Jack Black?

Oh... isso é complicado [Jack fica vermelho]. “Ohhh, sou o máximo. Sou muito bom ator e deveria ir para o Brasil!”

“Goosebumps” fez uma bilheteria gigantesca na estreia nos Estados Unidos. É possível uma continuação, uma franquia?

Você sempre acha que seu filme vai ser popular e que os estúdios vão implorar por uma sequência. Mas vai ser complicado porque usamos todos os monstros de uma só vez. Não sei, o que poderia acontecer? Os monstros escaparem de novo? Ou talvez Stein entre numa briga com J. K. Rowling [autora de Harry Potter]em que ambos escrevem loucamente? Pensando bem é uma boa ideia, não deveria ter dito isso...

Você leu os livros em que o filme se inspirou?

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Não conhecia os livros. Nos anos 90, estava na faculdade ouvindo Nirvana.

Qual seu filme de monstro favorito?

O primeiro “Alien” (1979). Não pude dormir por semanas depois que assisti. A boca dentro da boca, argh, foi terrível.

Como é interagir com personagens que não existem, com animações?

É como quando você é criança e inventa coisas ao brincar no jardim. É divertido.

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Atualmente você atua no seriado “The Brink”. Que outros assiste? As séries concorrem com o cinema?

O melhor de “The Brink” é que as gravações são em Los Angeles, e aí no fim do dia volto para casa. Acho que o cinema está comendo poeira e que as melhores histórias estão na tevê. Vi “Breaking Bad”, “True Detective” (a primeira temporada, a segunda é horrível), Fargo e aquela famosa série dos dragões...