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Henry Cavill encarna o herói na releitura O Homem de Aço | Divulgação
Henry Cavill encarna o herói na releitura O Homem de Aço| Foto: Divulgação
  • Christopher Reeve assumiu o icônico personagem aos 26 anos de idade

Para os espectadores de hoje, o uniforme colorido, o topete ondulado e os efeitos especiais limitados podem soar datados – cômicos até. Porém, é inegável que, mesmo depois de 35 anos, Superman – O Filme continua uma referência em adaptações de histórias em quadrinhos, não somente por ser a primeira superprodução do gênero, mas também por marcar o imaginário popular com o rosto de um ator e sua roupa azul e vermelha, deslizando acima dos prédios ao som de uma trilha sonora reconhecível até por quem nunca assistiu à obra. Independente do roteiro com furos e da trama despretensiosa, o Superman de 1978 fez plateias inteiras acreditarem que um homem podia voar – e, ao fim, isso se provou mais do que suficiente.

O filme dirigido por Richard Donner (que ganharia nome na década seguinte por Os Goonies e a série Máquina Mortífera) surgiu em um momento em que Hollywood inaugurava o conceito do blockbuster, superprodução de aventura ou terror criada para atrair o maior número de espectadores possível e, assim, angariar rios de dinheiro para os estúdios – possibilidade levada a outros níveis com o sucesso de produções como Tubarão e Star Wars, de Steven Spielberg e George Lucas, respectivamente. Ciente da popularidade que Superman possuía entre fãs de quadrinhos e do público em geral, a Warner Bros. investiu pesado na adaptação, filmando, pela primeira vez, dois filmes quase que simultaneamente, com a intenção de criar uma franquia.

Tanto que o estúdio se propôs a alguns arroubos, como pagar quase US$ 4 milhões a Marlon Brando e uma porcentagem dos lucros na bilheteria por uma pequena participação como Jor-El, o pai de Superman (o nome de Brando, inclusive, é o primeiro a aparecer nos créditos do filme). Mario Puzo, autor do best seller O Poderoso Chefão e ganhador de dois Oscar pelo roteiro das duas primeiras adaptações de sua obra feitas por Francis Ford Coppola, foi chamado para escrever a história do super-herói e servir de chamariz para a produção.

Ícone

Por outro lado, os produtores optaram por escolher um até então desconhecido ator para viver o próprio Superman. Na pele do alienígena que é enviado para a Terra após a destruição de seu planeta natal, Christopher Reeve ganhou de imediato os holofotes aos 26 anos e, para o bem e para o mal, ficou marcado para sempre como o icônico super-herói. O rosto do ator, inclusive, serviria de modelo para retratar o Homem de Aço nas páginas das histórias em quadrinhos 30 anos depois do primeiro filme, em uma popular fase do personagem nas mãos do escritor Geoff Johns e do ilustrador Gary Frank.

Pode-se supor que Reeve teve mesmo sorte. Com apenas um filme no currículo e uma participação em uma novela, acabou ultrapassando outras estrelas de Hollywood cogitadas para viver o super-herói, como Robert Redford, Clint Eastwood, Steve McQueen e Warren Beatty. Sylvester Stallone, que estava em alta após o sucesso de Rocky – Um Lutador, em 1976, saiu à cata do papel e praticamente implorou aos produtores para estar no filme. Foi cortado, segundo os bastidores, por um pedido (ou ordem) de Marlon Brando, o que resultou em ataques públicos entre os dois atores pela tevê na época.

As apostas do estúdio deram resultado e Superman – O Filme, que custou US$ 55 milhões, arrecadou mais de US$ 300 milhões em todo o mundo. Concorreu a três Oscar, incluindo uma merecida indicação pela icônica trilha sonora de John Williams, que se tornou uma marca registrada não só do filme, mas do personagem. Na década seguinte, outras três produções foram lançadas, todas com Reeve no papel do kryptoniano – apesar de as duas últimas terem sido rechaçadas por fãs e críticos.

Retorno

Não por acaso, os 75 anos da criação do Superman e os 35 anos do filme de Richard Donner, completados este ano, coincidiram com o lançamento nos cinemas de O Homem de Aço (Man of Steel), nova releitura do icônico personagem. Desta vez, quem assume a direção é Zack Snyder, que já adaptou para a tela grande as histórias em quadrinhos Watchmen (Alan Moore) e 300 (Frank Miller). Participaram da produção, como produtor e roteirista, respectivamente, Christopher Nolan e David Goyer, responsáveis pela bem-sucedida trilogia do Batman.

O Homem de Aço surge sete anos depois da última passagem de Superman pelo cinema, intitulada Superman – O Retorno. Dirigida por Bryan Singer, o filme foi uma homenagem escancarada aos dois filmes originais, de 1978 e 1980, resgatando o tom nostálgico das aventuras protagonizadas por Christopher Reeve. Apesar da produção original ainda ser popular, o filme foi um fracasso de crítica e público. Por isso, a ordem da vez foi recomeçar a franquia do zero, com um típico filme de origem.

Mesmo em se tratando de um super-herói que voa, possui super-força e visão de calor, O Homem de Aço segue o tom realista e dramático adotado por Nolan nos filmes do Homem-Morcego. A história aborda as consequências do aparecimento de Superman na Terra e o embate com um grupo de kryptonianos liderados pelo vilão General Zod. Além das discussões filosóficas sobre o surgimento de um ser de outro planeta entre nós – em entrevistas, o roteirista disse que o filme resgata paralelos com a história de Jesus Cristo – a produção traz batalhas grandiosas e movimentadas entre o herói e seus antagonistas.

O próprio visual do herói foi repaginado, seguindo a reformulação editorial feita pela DC Comics em 2011 – some a famosa "sunga" vermelha e entra em cena um traje que lembra mais uma armadura do que um uniforme de tecido. O clássico tema de John Williams composto para o filme de 1978 também foi deixado de fora. No lugar de Reeve, surge o inglês Henry Cavill, acompanhado de outras estrelas como Russel Crowe, Kevin Costner e Amy Adams.

O Homem de Aço estreia nos cinemas brasileiros em 12 de julho. Nos Estados Unidos, Europa e outros países da América do Sul, a produção já foi lançada e arrecadou, somente nos 10 primeiros dias, US$ 350 milhões. Uma sequência já está sendo prometida para o ano que vem ou 2015, novamente com Zack Snyder na direção. Prova de que o apelo e carisma do super-herói de capa vermelha, mesmo 75 anos depois, segue para o alto e avante.

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