Consagração
Confira os prêmios concedidos à primeira temporada de Downton Abbey:
Estados Unidos
Emmy
Minissérie ou filme feito para tevê
Direção (Brian Percival)
Roteiro (Julian Fellowes)
Atriz coadjuvante (Maggie Smith)
Fotografia
Figurino
Globo de Ouro
Minissérie ou filme feito para tevê
Grã-Bretanha
Bafta
Direção (Brian Percival)
Roteiro (Julian Fellowes)
No último sábado, foi ao ar, no canal pago Globostat HD, o segundo episódio da primeira temporada de Downton Abbey, produção de 2010 pensada, inicialmente, para ser apenas uma minissérie, mas que alcançou tamanho sucesso de audiência e de crítica em ambos os lados do Atlântico, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, que a terceira leva de episódios já está a caminho.
Para compreender a consagração do programa, que venceu ano passado seis prêmios Emmy, o Oscar da televisão norte-americana, incluindo o de melhor filme ou minissérie, é preciso falar de Julian Followes, seu criador. O britânico, que também é ator, ganhou, em 2002, o Oscar de melhor roteiro original por Assassinato em Gosford Park, estupendo longa-metragem do diretor norte-americano Robert Altman (de M.A.S.H.), e, desde então, se tornou uma espécie de referência no que diz respeito a produções de época britânicas, assinando o roteiro, por exemplo, do filme A Jovem Rainha Vitória.
Assim como Assassinato em Gosford Park, Downton Abbey se passa em uma grande propriedade no interior da Inglaterra, no condado de Yorkshire. A mansão, as terras que a cercam, assim como um imenso patrimônio a ela vinculado, pertence a Robert Crawley, conde de Grantham (Hugh Bonneville, de Iris), cuja maior missão na vida é cuidar o melhor possível desse legado, com o qual a sua identidade se confunde e pelo qual se sente responsável até o fim de seus dias.
Tragédia
No primeiro episódio, o naufrágio do Titanic, ocorrido há exatos 100 anos, muda os rumos da história da família do conde. Estavam a bordo do transatlântico seu primo e o filho, provável herdeiro tanto da propriedade quanto dos bens a ela legalmente vinculados, inclusive todo o patrimônio da esposa de Crawley, lady Cora, uma milionária norte-americana de Nova York, vivida por Elizabeth McGovern, atriz de filmes importantes como Na Época do Ragtime (1982) e Gente como a Gente (1980), que andava bastante sumida nos últimos anos.
O pai do conde, no intuito de manter a integridade do espólio, criou uma cláusula em seu testamento, determinando que Downton Abbey, assim como tudo atrelado à propriedade, só poderá ser herdado pelo primogênito da linha masculina de descendentes da família. Como Crawley tem três filhas, a mais velha delas, lady Mary (Michelle Dockery) estava noiva, ainda que contra sua vontade, do rapaz, filho do primo de seu pai, que perdeu a vida quando o Titanic foi a pique e seria o futuro herdeiro legítimo.
Diante da tragédia ocorrida no Atlântico Norte, uma crise se instala entre os Crawley. De acordo com as rígidas determinações estabelecidas pelo documento que regula a sucessão dos bens da família, o novo herdeiro será um primo distante, o advogado Matthew Crawley (Dan Stevens), rapaz que, apesar da origem aristocrática, leva uma vida burguesa, sem grandes luxos, ao lado da mãe viúva (Penelope Wilton).
Recusando-se a contrariar a vontade do pai, mas na esperança de manter o patrimônio em família, o conde convida Matthew e a mãe a se mudar para Downton Abbey: ele aposta em um possível casamento do futuro conde com uma de suas filhas, de preferência Mary. Para desespero da mãe do conde, a pernóstica e ardilosa lady Violet (vivida pela sempre genial Maggie Smith), a quem o convívio forçado com "estranhos" soa como um verdadeiro pesadelo.
Andar de baixo
A exemplo do que já havia feito magistralmente no filme de Altman, Followes não se limita a construir a narrativa apenas a partir da perspectiva dos patrões, dos aristocratas. Os serviçais não são meros coadjuvantes e, mais do que um mundo paralelo, constituem uma dimensão da maior importância nesse microcosmo da Grã-Bretanha dos tempos do rei George V, momento no qual o país começa a passar por profundas transformações sociais, às vésperas da Primeira Guerra Mundial.
Entre os criados, tem importância capital o mordomo Mr. Carson (Jim Carter), que, ao lado da governanta Mrs. Hughes (Phyllis Logan), comanda uma legião de empregados, que mora nos andares inferiores do palacete.
Após ter dedicado toda sua vida aos Crawley, as possibilidades de Downton Abbey mudar de mãos apavora Carson e ele fará o que estiver a seu alcance para que tudo permaneça como sempre foi. O que, para sua inquietação, insiste em não acontecer.
À mesma época do naufrágio do Titanic, é contratado, como valete pessoal do conde, John Bates (o excelente Brendan Coyle), que lutou, na África do Sul, a Guerra dos Bôeres (1880/81) ao lado do patrão, com quem mantém um vínculo mais pessoal, impensável em outras circunstâncias, devido à estratificação de classes reinante.
Ferido durante o conflito, Bates é manco de uma perna, o que o obriga a usar uma bengala. A deficiência compromete sua eficiência no trabalho e acaba gerando revolta e inveja entre alguns de seus colegas, sobretudo no ambicioso Thomas Barrow (Rob James-Collier), jovem que sonha se tornar criado pessoal do conde, usando a posição como degrau em seu projeto de ascensão social.
Ao dedicar igual atenção a patrões e empregados, conectando-os em uma rede de intrigas, afetos e ambiguidade, Followes faz de Downton Abbey uma espécie de versão britânica de Mad Men, premiadíssima série sobre o mundo da publicidade na Nova York da década de 60, Um painel histórico ao mesmo tempo complexo, envolvente e provocativo, capaz de transportar o espectador no tempo e no espaço.
Serviço
Downton AbbeyGlobosat HD. Sábados, às 22h30, com reprise às segundas-feiras, à 1 hora.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares
Deixe sua opinião