São Paulo É curioso que Lyndsey Marshall, escalada para fazer o papel de Cleópatra na minissérie Roma, da HBO, não tenha tido a curiosidade de conferir a interpretação da mais famosa atriz que encarnou a rainha do Nilo. Em seu épico no começo dos anos 60, Joseph L. Mankiewicz transformou Elizabeth Taylor numa Cinderela do Nilo, que se vale de dois homens Júlio César e Marco Antônio , para tentar realizar seu sonho de poder, mas a empresa destina-se ao fracasso.
Numa entrevista por telefone, de Londres, Lyndsey diz que referências não eram necessárias e ela preferiu se concentrar no roteiro, criando a sua versão de Cleópatra. Idêntico procedimento adotou Tobias Menzies, que faz Brutus. Ele também não teve curiosidade de conferir o Brutus que vive a tragédia do idealismo na versão que Mankiewicz, o cineasta da palavra de novo ele , realizou nos anos 50, com Louis Calhern e Marlon Brando nos papéis de César e Antônio. James Mason vivia o dilaceramento interior de Brutus, que matava no pai substituto o mito da autoridade que julgava ameaçar a República de Roma, para descobrir tardiamente que seu crime servira a outros propósitos.
Menzies, também falando pelo telefone, diz que se preparou um pouco mais leu a tragédia de Shakespeare Júlio César, mas construiu o personagem à sua maneira, sem influências.
A segunda temporada de Roma chega nesta semana às lojas, numa caixa de DVDs com cinco discos contendo os dez episódios. O lançamento é da Warner e o preço sugerido é R$ 139,90. A minissérie fez sucesso em todo o mundo, com o fausto de sua produção e a qualidade das interpretações. "Brutus é um personagem fascinante, um homem alienado e manipulado no jogo de poder. Acho que ele é bem contemporâneo", define o ator. Nascido em 1974, Menzies é um pouco mais velho (quatro anos) do que Lyndsey. Ele estudou na Real Academia Dramática e, nos últimos sete anos, vem alternando trabalhos em teatro, cinema e televisão, com uma nítida preferência pelo primeiro. Nos últimos dois anos, trabalhou regularmente nas gravações de Roma, com intervalos que lhe permitiram fazer, por exemplo, o Villiers de Cassino Royale, o mais recente James Bond, com Daniel Craig. "Foi divertido despir a toga para fazer o assessor de M, a personagem de Judi Dench, que a informa sobre os passos de James", ele conta.
Lyndsey nasceu numa família operária em Manchester. Seu pai perdeu o olho num acidente e a família enfrentou dificuldades, mas Lyndsey conseguiu cursar a Academia Nacional da Juventude. Em 2001, ganhou o prêmio de atriz revelação da Liga dos Críticos de Londres. Desde então, fez alguns filmes e muitas peças. No cinema, participou de As Horas, de Stephen Daldry. Guarda excelente lembrança de Nicole Kidman. "Era muito simpática no set, totalmente dedicada à personagem e sem nenhum estrelismo." Como uma atriz vinda do meio operário consegue encarnar uma rainha da antiguidade? "Não seria uma atriz se não conseguisse", ela diz, rindo. Lyndsey teve assessoria de historiadores que lhe desvendavam todos os segredos de Cleópatra. "Ela falava 13 línguas, era ambiciosa e manipuladora, mas não era bela. A beleza é parte da lenda que se construiu em torno de Cleópatra."
Nos anos 50, o grande diretor Howard Hawks explicou o fracasso de seu épico Terra dos Faraós dizendo que não tinha a mínima idéia de como aquelas pessoas comiam, sentavam, caminhavam ou conversavam. "Tolice", diz Lyndsey. "Tudo foi cuidadosamente pesquisado em Roma, mas na hora de caminhar ou falar as escolhas ficavam por nossa conta" (ela se refere ao elenco). Tobias Menzies concorda "o que faz o sucesso da série é que todos esses personagens maiores do que a vida são basicamente humanos e a história trata de adultério, sexo, família, poder e traição, como qualquer drama contemporâneo." Para ele o apogeu seguido da decadência de Roma tem tudo a ver com o poderio dos EUA na atualidade. "Até a águia esses dois impérios compartilham."
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