Rodrigo Santoro está aos poucos, conquistando o mercado americano. Depois de duas pequenas participações em Hollywood As Panteras Detonando e Simplesmente Amor , o ator brasileiro foi convidado para participar de 300, filme que estourou nas bilheterias americanas. Santoro também está no elenco da cultuada série Lost e seu personagem logo ganhará um espaço maior na trama, com direito a um flashback (algo só reservado aos protagonistas do seriado).
O ator participou do evento de divulgação de 300 no Rio de Janeiro, realizado na segunda-feira passada. Ele conversou com o Caderno G e jornalistas de outros veículos em uma das várias mesas de entrevistas, contando sobre a participação no filme e comentando sua carreira internacional. Confira a seguir os principais momentos do bate-papo.
Qual foi sua reação ao se ver na tela como um gigante em 300? Quando filmou, conseguia imaginar como ficaria no filme?Rodrigo Santoro Não dava para imaginar muita coisa sobre o filme na época da rodagem. Pois mais que eu tivesse uma idéia do que seria, quando vi pela primeira vez na tela, fui surpreendido, foi muito diferente me ver daquele tamanho. O trabalho visual e a estética do filme são muito originais. Enquanto estava fazendo o personagem, tinha em mente que ele era um arquétipo, uma criatura mitológica, que tem uma história com o ego, um deus autoproclamado. O Frank Miller o descreveu como um gigante de 9 pés (cerca de 2,70 m), com uma voz de trovão, sem pêlos no corpo, era tudo muito bem especificado. Não sei qual a palavra que expressaria o que senti quando vi o filme, mas sem dúvida fiquei impactado.
Por que decidiu participar de 300?O que me interessou em participar do filme foi o personagem ser essa figura mitológica. Também entrar nesse universo tão novo para mim, dos quadrinhos. Além de trabalhar o tempo todo com o fundo azul, o cromaqui, uma experiência única para um ator. Fiz a maior parte das minhas cenas sozinho meu personagem era um gigante, que tinha de olhar para baixo, por isso eu fixava um ponto imaginário. Esse processo requer muita energia, concentração, foi um aprendizado sensacional. Eu falava para o nada, para coisas que não estavam lá. É preciso ter uma fé muito grande no processo, para se transportar para esse mundo virtual, criado pela imaginação. Mas eu tinha uma base bem forte do que era o quadrinho.
Xerxes tenta conquistar quem está a sua frente através da sedução, não importando se é homem ou mulher. Fale sobre essa ambigüidade sexual do personagem.Sedutor também é uma palavra usada pelo Frank Miller para descrever o Xerxes. Em todos os estudos que fiz sobre a época, a ambigüidade sexual era citada, era assim que as pessoas se relacionavam com a sexualidade. Acho que a questão nem seria a sexualidade do Xerxes, estamos falando de um personagem que tem uma humanidade, de masculino e feminino, ying e yang, Sedução é a palavra-chave para o personagem. E estamos no universo da fantasia, não de realismo, fazendo as coisas a partir da visão de um artista muito particular como Frank Miller.
Como está sendo sua participação na divulgação do filme, com viagens e entrevistas em vários lugares do mundo?O processo de promoção, de dar entrevistas, está sendo uma escola. São muitas entrevistas em inglês, uma língua que ainda estou desenvolvendo. As de mesa, como este, são mais descontraídas. Mas as gravadas são mais cansativas. São cinco minutos para cada jornalista e são uns 50 por dia. Para mim, não é uma coisa penosa. É trabalhoso, mas tenho o maior prazer, gosto de trocar idéias com as pessoas, ter o feedback sobre o filme. Fomos para Berlim, Los Angeles, Nova Iorque, Londres e agora viemos para o Brasil, e tudo isso sem parar, uma viagem atrás da outra.
E a série Lost? O personagem Paulo vai continuar por mais algum tempo?Ainda sou parte do mundo de Lost. A única informação que posso dar sobre a série é que os espectadores vão conhecer mais sobre a vida do Paulo, haverá um episódio com flashbacks dele (chamado "Exposé", o 14.º da 3.ª temporada, previsto para ir ao ar nos EUA na próxima quarta-feira). O resto é mistério!
E a expectativa de estourar lá fora? Sente alguma pressão quanto a isso? O brasileiro costuma se comportar nessas situações como se fosse uma torcida...Na premiére em Londres, havia muitos brasileiros e fiquei muito comovido com isso. Dá para sentir no olhar uma coisa muito positiva, bacana. Sinto-me lisonjeado, mas não carrego essa responsabilidade de ser o brasileiro em Hollywood. Sou um ator que está tentando fazer seu trabalho da melhor forma possível. Vamos com calma, muita calma.
Houve alguns boatos de que você seria contratado pela Record. Voltará a trabalhar em novelas? Foi comentado também que já teria fechado a participação em mais dois filmes estrangeiros. Como estão os projetos?Houve uma sondagem da Record apenas. Não tenho nada contra novela, não excluo a possibilidade de voltar a fazer. A única questão é que se trata de um trabalho de longo prazo e, neste momento, a minha prioridade são outros trabalhos. É uma forma de reciclagem da minha carreira. Para o futuro, ainda não tenho nada fechado em cinema. Existe a possibilidade do filme sobre o Carlos Gardel, mas ele ainda é uma idéia. Fui sondado para um filme com o John Cusack, recebi o roteiro, li e achei até interessante. Mas o roteiro está sendo reescrito, ainda estão buscando recursos para fazer.
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