Wagner Moura, 33 anos, interpreta Hamlet no clássico homônimo de Willian Shakespeare com apresentações nesse fim de semana no Teatro Positivo, em Curitiba, Paraná. Dirigida por Aderbal Freire-Filho, a peça conta a história do príncipe dinamarquês encarregado de vingar a morte do pai e recuperar a coroa.
A montagem conta com dez atores, entre eles Caio Junqueira e Carla Ribas, premiada protagonista do longa A Casa de Alice. A tradução que Aderbal fez da peça, com a contribuição de Bárbara Harrington e do ator, é mais coloquial. Moura encarna o príncipe da Dinamarca mais agitado, mais brasileiro. "Não significa que estejamos tornando o texto mais simples", afirma ele.
"Não há na nossa tradução nenhum traço de coloquialismo. Aderbal foi um mestre em passar o jogo de palavras do inglês shakespeariano para a nossa língua, sem tanto prejuízo. A nossa peça tem texto direto. É despojado sem abrir mão da poesia", completou.
Para o ator, Hamlet é uma paixão antiga. "É um grande personagem por quem sou apaixonado desde os 15 anos. Apesar da tragédia que é a peça, tudo que ele diz é muito espirituoso e irônico. Ele é um muito mais inteligente e bem-humorado do que eu."
Confira a entrevista com Wagner Moura:
# Sempre se falou em Shakespeare como um autor para intelectuais...
Muito por causa dos diálogos rebuscados. Ele foi um autor do povo, um gênio popular. E a nossa peça tem texto direto. É despojado sem abrir mão da poesia. Já acho até mais interessante montar Hamlet aqui do que nos países falantes da língua inglesa, já que não podem traduzi-lo para as pessoas.
# A tradução é mais coloquial?
A gênese da montagem era a comunicação com o público. Hamlet foi um grande sucesso em 1600. Não havia por que não sê-lo hoje também. Isso não significa que estejamos tornando o texto "mais simples". Não há na nossa tradução nenhum traço de coloquialismo. O que acontece é que a maioria das traduções, muitas com ambições literárias, pagam tributo às portuguesas do século XIX, que pegavam o inglês elisabetano e traduziam para o português arcaico. Aderbal foi um mestre em passar o jogo de palavras do inglês shakespeariano para a nossa língua, sem tanto prejuízo.
# Como foi o processo de criação? Como define o Hamlet de Wagner Moura?
A maior preparação é o ensaio, a ação. Chegar todo dia naquele horário e ir descobrindo a peça e o personagem junto ao diretor e colegas. Cada dia entendo mais o termo work in progress, que se aplica tão bem a qualquer trabalho em teatro. A vida é um work in progress. Duvido muito do crítico que vem com teorias acerca da psicologia de Hamlet (embora os psicólogos o amem). Stanislavski não se aplica a Shakespeare. Adoro pensar que o bardo antecipou Brecht. Hamlet não faria assim, Hamlet não agiria assado, Hamlet é deprê, Hamlet não pode rir, qualquer coisa que se diga é uma simplificação boba dos "inteligentes" que querem dizer que conhecem bem Hamlet. Eu tenho convivido com ele e adorado conhecê-lo aos poucos, me surpreendendo a cada noite, nessa onda que Tonico Pereira batizou de "solidão de protagonista". Conhecê-lo e surpreender-me com ele é conhecer-me e surpreender-me também comigo.
# Você disse que produziu Hamlet por "absoluta necessidade"...
Não por ser um clássico. Mas certamente a emoção do teatro é diferente de qualquer outra coisa. Escolhi Hamlet porque nele está o que há de melhor em Shakespeare. É um grande personagem por quem sou apaixonado desde os 15 anos. E porque sou velho pra Romeu e novo para Lear. Hamlet é um personagem muito engraçado. Apesar da tragédia que é a peça, tudo que ele diz é muito espirituoso e irônico. Ele é um muito mais inteligente e bem-humorado do que eu.
# Qual é seu trecho preferido de Hamlet?
O monólogo de Hécuba. É uma fala que exorta o poder dos atores e do teatro, dita por atores, num teatro, me emociona muito. O teatro como revelador da verdade. É com o teatro que Hamlet agarra a consciência de Claudios. Que coisa linda! Isso me emociona muito.
Serviço: "Hamlet"
Onde: Teatro Positivo - Grande Auditório - R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 - Campo Comprido, Curitiba, tel. 0/xx/41/ 3317-3107
Quando: Dia 18 de julho, 20h. Dia 19 de julho, 19h
Quanto: R$ 84. Meia-entrada para idosos a partir dos 60, estudantes, professores e doadores de sangue com documento comprobatório
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