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DVDBasquiat – Traços de uma Vida(Basquiat. Estados Unidos, 1996). Direção de Julian Schnabel. Com Jeffrey Wright, David Bowie e Benicio del Toro. Magna Filmes. 108 min. Classificação indicativa: 16 anos. Locação e venda. Preço médio: R$ 45,90. Drama.

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O fato de Julian Schnabel, diretor do estupendo O Escafandro e a Borboleta, também ser artista plástico faz bastante diferença na forma como ele conduz esta cinebiografia de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), grafiteiro que foi descoberto nas ruas de Nova York e se tornou sensação instantânea no circuito da arte contemporânea nos anos 1980. Após ser descoberto por Andy Warhol (David Bowie), ele tem uma ascensão meteórica, mas aos poucos se revela pouco preparado emocionalmente para encarar os desafios impostos pela fama repentina. Morreu em seu estúdio, aos 28 anos, de uma combinação de cocaína e heroína popularmente conhecida como speedball.

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Por que assistir? Schnabel consegue levar para a tela toda a exuberância e intensidade da obra de Basquiat, em um grande desempenho do então novato Jeffrey Wright, premiado por sua atuação na minissérie Angels in America. (PC)

Livro 1Crazy Diamond: Syd Barrett e o Surgimento do Pink FloydMike Watkinson e Pete Anderson. Tradução de Maíra Contrucci Jamel. Sonora Editora, 200 págs., R$ 39,90. Biografia.

O que Syd Barret estava fazendo após sua precoce aposentadoria musical? Foi essa a pergunta por trás de Crazy Diamond: Syd Barrett e o Surgimento do Pink Floyd, lançada em 1991 e que, inexplicavelmente, só chegou ao Brasil no fim do ano passado. O vocalista, guitarrista e principal compositor da lendária banda de rock progressivo inglesa entrou em colapso mental após o lançamento de The Piper at the Gates of Dawn (1967), motivo pelo qual seu amigo David Gilmour ganhou lugar no grupo. Depois disso, sua verve criativa limitou-se a álbuns solo de pouca relevância, como The Madcap Laughs (1970). Com fotos raras, a biografia investiga sua infância, narra a trajetória claudicante de um artista muito criativo e, principalmente, sua relação íntima com o LSD.

Apuração: O livro é fruto de sete anos de pesquisa dos jornalistas Mike Watkinson e Pete Anderson. Há vários dados e curiosidades sobre o Pink Floyd e outras bandas daquela prolífica cena setentista. Vale também como um bom panorama musical. (CC)

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CDPedra CiganaAyran Nicodemo. A Casa/Tratore (distr.). Preço médio: R$ 25. Clássica.

Ayran Nicodemo é um violinista mineiro de 25 anos, recentemente admitido na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Para seu primeiro CD solo, produzido pelo compositor Sergio Roberto de Oliveira – que tem no currículo duas indicações ao Grammy Latino –, o jovem músico reuniu peças autorais influenciadas pela música cigana e uma releitura de uma dança do folclore romeno, "Hora de La Munte".

O repertório inclui uma "Suíte Cigana", um conjunto de danças de três movimentos independentes.

Por que ouvir? Conforme explica no encarte do CD Paulo Bosísio, um dos mestres de Nicodemo, há um fascínio dos instrumentistas pela música cigana – vide peças de compositores como Franz Liszt (1811-1886), Brahms (1833-1897) e Ravel (1875-1937). "Existe um cigano dentro de cada um de nós violinistas", escreve. É esta música vibrante, atraente e enigmática que o jovem violinista invoca em sua primeira aventura solo. (RRC)

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Livro 2OrlandoVirginia Woolf. Tradução de Jorio Dauster. Penguin/Companhia, 344 págs., R$ 32. Romance.

Relançado pelo selo Penguin da editora Companhia das Letras, Orlando, um dos livros mais populares da romancista britânica Virginia Woolf, sai com nova tradução de Jorio Dauster, introdução e notas da especialista em estudos de gênero na literatura inglesa, Sandra Gilber, e posfácio de Paulo Mendes Campos. A história, que tem como inspiração a amiga íntima de Woolf, a poetisa Vita Sackville-West, trata da vida do personagem que intitula a obra. Nascido no ambiente de uma família de boa posição em plena Inglaterra elisabetana, Orlando acorda com um corpo feminino durante uma viagem à Turquia. A trajetória dele atravessa mais de três séculos, e fala da ambiguidade e das fronteiras emocionais entre os gêneros feminino e masculino, tudo envolto em um personagem que consegue ser engraçado e dramático ao mesmo tempo.

Preste atenção: na prosa da escritora. O tom do livro se parece muito com o de uma carta, e traz ao leitor uma série de detalhes sobre o cotidiano de Orlando. A obra também é considerada uma das mais "acessíveis" de Virginia Woolf. (IR)

Livro 3Boca do Inferno Otto Lara Resende. Companhia das Letras, 192 págs., R$ 32. Contos.

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Publicado originalmente em 1957, as sete histórias desta pequena joia da literatura brasileira parecem saídas de um baú de uma tradicional família mineira católica. A ação se passa em uma cidadezinha, onde tudo transcorre sob modorrenta e imperturbável mesmice.

Nas narrativas, de unidade estilística e temática, os protagonistas são meninos e meninas que percebem tudo o que há de tenebroso e insólito escondido sob o tapete social e familiar. É um livro sobre a passagem de uma geração à outra e também de um país para outro.

Por que ler? O dramaturgo Nelson Rodrigues infernizava seu "amigo Otto" por este escrever pouco, cobrando prolixidade daquele que seria nosso "maior escritor". Lendo este livro, percebe-se que Nelson estava certo. Otto Lara Resende (1922-1992) escreveu menos do que devia. Esta talvez seja sua obra-prima. O livro ficou décadas fora do comércio, porque seu autor vivia a reescrevê-lo, adiando até hoje novas edições. (SM)