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CD 1 WoodsmanWoodsman. Fire Talk. US$ 12 (importado). Pós-rock.

Como inúmeros outros grupos, a Woodsman foi insistentemente comparada, à época do lançamento de Rare Forms (2011), com o Animal Collective, embora isso hoje já não queira dizer muito. Com o disco homônimo, lançado neste ano, o quarteto se distancia de comparações superficiais e define de forma nítida sua trajetória musical.

O grande trunfo da Woodsman é acrescentar vigor e certa dose de selvageria em seu pós-rock espacial e quase matemático. As camadas sonoras têm peso, e não funcionam apenas como pano de fundo. As guitarras, límpidas, procuram quase sempre por uma melodia, por mais tortuosa que seja.

Ao contrário de alguns hors concours do pós rock, que prezam pela contemplação, a Woodsman escolhe um caminho mais dinâmico – e repetitivo. Em "Gravelines", por exemplo, parece que mergulhamos num poço infinito que ecoa reverbs; enquanto em "Rune", a bateria intensa dialoga com inserções surpreendentes de guitarras nem tão afinadas. Perturba e faz pensar.

Deixe-se levar: Se for para ouvir só uma música do disco, escolha "Healthy Life": viagem lisérgica conduzida por um baixo hipnótico. Com vento na cara fica ainda melhor. (CC)

HQCoração das Trevas Joseph Conrad, adaptado por David Mairowitz, Veneta. 128 págs., R$ 39. Quadrinhos.

Uma das melhores histórias da literatura ocidental ganha versão definitiva em quadrinhos. Escrito em 1902 por Joseph Conrad, Coração das Trevas é mais conhecido por ser a inspiração do filme Apocalypse Now (1979) de Francis Ford Copolla.

A adaptação para os quadrinhos do veterano David Zane Mairowitz, com arte de Catherine Anyango, recria a fascinante aventura do marinheiro Marlow no coração da África, à procura de Kurtz, um legendário caçador de marfim que supostamente enlouqueceu no em meio à barbárie que grassava na África colonial.

Coração das Trevas é como um grande road movie, explica Mairowitz, "a verdadeira história não é sobre o destino, mas sobre chegar lá". A estrada, no caso, é o Rio Congo, em que Conrad navegou no século 19.

Por quê ler: O livro é uma crítica violenta aos costumes selvagens dos impérios coloniais e suas empresas predatórias. A adaptação em quadrinhos só enriquece esta história, chamada por Jorge Luis Borges de "o mais intenso de todos os relatos que a imaginação humana já concebeu". (SM)

CD 2Rádio Lixão Filarmônica de Pasárgada. Coaxo do Sapo. Preço médio: R$ 25. MPB.

Rádio Lixão é o segundo disco do Filarmônica de Pasárgada, um octeto de São Paulo identificado com a vanguarda pop paulistana. Gravado no Estudo Coaxo do Sapo, de Guilherme Arantes, o álbum traz 15 canções autorais mais ou menos ligadas com o conceito de "reciclagem" criativa na música brasileira.

A proposta é apresentada logo na faixa de abertura, "Uma Canção", que faz uma colagem do cancioneiro popular misturando músicas de domínio público como "Prenda Minha" com sucessos da MPB, de Noel Rosa a Tribalistas. E segue com uma caricatura subversiva de gêneros como o axé (em "Amor e Carnaval", que ironiza o lugar dos brasileiros deslocados no país do carnaval) e o funk carioca (em "Fiu-Fiu", que confronta a cultura da cantada justo por meio de um dos estilos brasileiros mais identificados com o machismo).

Por quê ouvir? Rádio Lixão faz uma caricatura certeira do quadro atual da música brasileira – do pop massivo à chamada MPB "de qualidade" e seu esgotamento de novidades e rumos. Mas não é só isso: o grupo, além de realizar todo o trabalho com bom gosto e inteligência, traz algumas belas canções que merecem seu próprio lugar. (RRC)

DVD O Enigma Chinês Direção de Cédric Klapisch. Com Romain Duris, Audrey Tautou e Cécile de France. Paris Filmes, 157 min. Drama. Somente locação.

Parte da trilogia que começou com Albergue Espanhol (2002) e Bonecas Russas (2006), o mais recente filme do diretor Cédric Klapisch continua tratando sobre as desventuras do amor, dessa vez tendo a história de Xavier como condutor da trama. Aos 40 anos, o personagem, que acaba de se separar, está perdido e se muda para Nova York depois da ex-mulher também seguir para a cidade levando os filhos. Sem emprego ou rotina definidas, ele vive de favor na casa da amiga Isabelle (Cécile de France), e precisa encontrar um "rumo na vida." Com o mesmo elenco dos outros filmes, o diretor faz um retrato atual das novas gerações que, seja por motivos concretos ou não, parece ter mais dificuldade de resolver os problemas da vida.

Por quê assistir? Por mais que tenha sido considerado pela crítica o filme mais "fraco" da série, O Enigma Chinês vale pelo bom elenco e principalmente pelos choques culturais pelos quais Xavier, um parisiense, passa nos Estados Unidos para se manter economicamente. Também são curiosos os seus dribles para enganar a fiscalização da imigração e ainda conseguir passar um tempo com os filhos, motivação principal para a mudança. (IR)

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