Livro
Algum Tempo Depois
Manoel Carlos Karam. Arte & Letra, 175 págs., Romance.
Mais uma pequena joia do grande escritor Manoel Carlos Karam lançado pela editora curitibana que está revisitando toda a sua obra. Desta vez no formato romance, Karam esbanja sua melhor forma na história do "homem memorioso cômico e profissional sério", errando na metafísica de absurdos do cotidiano urbano e familiar. Como bem escreveu a poeta Luci Collin no texto de apresentação do livro: "Quem lê algum tempo depois seguramente tem o que contar para sempre. Gentes com tipos de comportamentos, garrafas de plástico que haviam sido, memórias que abrem arquivos, coleções que nunca foram feitas". Karam esquadrinhou as cenas de uma vida nonsense e com sua não linguagem encrencada, que não permite ao leitor descansar e se acostumar, entrega um romance rápido e rasteiro como uma tacada de mestre.
Por que ler: O texto de Karam é inventivo e inovador, mas não aborrece ou afugenta leitores como outros experimentalistas mais herméticos. Neste romance podemos facilmente ver suas figuras, personagens e cenas, sem que o texto perca a assinatura inconfundível.
Revista
Piseagrama 6
Instituto Cidades Criativas. 60 págs. Gratuito. Revista.
Publicação selecionada entre os projetos que se inscreveram no Programa Cultura e Pensamentos Seleção Pública e Distribuição de Revistas Culturais, da Petrobras, a Piseagrama (www.piseagrama.org) é uma revista sobre espaços públicos. Artigos de antropólogos, arquitetos e sismografistas se relacionam harmonicamente com ilustrações contra o uso de agrotóxicos e dicas de como usar as folhas de sabugueiro para tratar a catapora. Há também classificados agroecológicos e o uso da metalinguagem para falar da mudança dos tempos, com destaque para o anúncio da F. Upton & Comp. sobre a profissão de arrancador de toco. É cativante.
Preste atenção: As abordagens da revista são inusuais. Para falar de cultivo, o título O Milho é Namorador. Em O Fogo da Morte no Corpo da Terra, o antropólogo Rubem Caixeta reproduz uma conversa com um velho índio: "Quando um Guarani entra na mata e precisa cortar uma árvore, ele conversa com ela, pede licença, pois sabe que se trata de um ser vivo, de uma pessoa, que é nosso parente e está acima de nós." E tudo amparado por um projeto gráfico cuidadoso.
Cd
Tiro de Misericórdia
João Bosco. Kuarup Discos. R$ 24,90. MPB.
Quarto disco de João Bosco, Tiro de Misericórdia, originalmente lançado em 1977 pela RCA Victor, finalmente ganhou sua reedição em CD pela Kuarup. O álbum sucedeu os exitosos Caça à Raposa (1975) e Galos de Briga (1976) e não foi tão popular quanto os antecessores, mas chegou a emplacar sucessos como "Plataforma" e "Bijuterias", ambas da lavra do cantor e compositor com o parceiro Aldir Blanc.
O violão inconfundível de Bosco, tão poderoso na pegada do samba e do choro quanto nas referências afro-brasileiras, é acompanhado por um time de músicos que inclui Dino 7 Cordas, Toninho Horta (guitarra) e Altamiro Carrilho (flauta), sob direção de Durval Ferreira e Rildo Hora.
Preste atenção: na força de composições como a faixa-título, que encerra o disco em uma espécie de arco narrativo que começa com um nascimento na faixa de abertura, "Gênesis (Parto)", e termina com a cruel execução de um menino de 13 anos.
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