DVDFebre do Rato(Brasil, 2012). Direção de Claudio Assis. Com Irandhir Santos, Nanda Costa e Matheus Nachtergaele. Imovision. 90 min. Classificação indicativa: 18 anos. Locação e venda. Preço médio: R$ 39,90. Drama.
Do polêmico diretor pernambucano dos premiados longas-metragens Amarelo Manga e Baixio das Bestas, Febre do Rato foi escolhido o melhor filme nacional de 2012 pela Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine). O título se refere a uma expressão típica da região do Recife, que serve para designar o que sente quem está fora de controle, sem limites.
Preste atenção: Na trama, Febre do Rato é o nome dado ao pequeno jornal em formato tabloide de Zizo (Irandhir Santos, o deputado idealista de Tropa de Elite 2). O personagem, um poeta anarquista, é uma figura muito popular no bairro onde vive e crê que todos têm o direito de ser e fazer aquilo que bem entendem sem a interferência de qualquer tipo de autoridade. No caminho dele, entretanto, está a jovem Eneida (Nanda Costa, a Morena da novela Salve Jorge!), que vai desafiá-lo, representando uma consciência mais contemporânea. Ela vai evidenciar, talvez, o anacronismo do discurso de Zizo.
Livro 1JunkyWilliam S. Burroughs. Tradução de Reinaldo Moraes. Companhia das Letras, 176 págs., R$ 37. Romance.
Figura ícone da geração beat, o escritor norte-americano William S. Burroughs (1914-1997), graduado em Literatura Inglesa pela renomada Universidade de Harvard, foi viciado em drogas pesadas durante 14 anos de sua vida. Em seu livro de estreia, Junky, lançado em 1953 e agora reeditado pela Companhia das Letras, ele descreve em detalhes sua busca pelo que chama de "o barato definitivo".
Tudo começou por pura curiosidade. "Gostava da extravagância romântica de pôr em risco minha liberdade em atos criminosos de valor simbólico", confessa Burroughs, que tomava (e traficava) o que aparecia pela frente: benzedrina, morfina, heroína, peiote, ópio, maconha, medicamentos controlados e muito álcool.
O livro é repleto de confissões de violência, homossexualismo e curiosas teorias a respeito do consumo de droga pesada, entre elas: "cocaína não provoca dependência", "o vício de comer é o pior vício que existe" e "uma pessoa virgem de junk precisa tomar dois picos por dia durante dois meses consecutivos para se tornar dependente".
Preste atenção: No prefácio do também beatnik Allen Ginsberg, editor da primeira edição de Junky, para ter uma ideia de como as drogas pesadas, nos 1950, eram vistas como um demônio a ser combatido. Ginsberg defende a "atitude cultural revolucionária" de Burroughs e discorre com ironia sobre a "paranoia oficial policialesca cultivada pela Delegacia Federal de Entorpecentes". Cru e chocante, Junky permanece atual.
Livro 2 Diário de KiotoMarco Giannotti. WMF Martins Fontes, 160 págs. R$ 60. Arte.
Durante um ano (entre 2011 e 2012), o professor de pintura na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Marco Giannotti, foi professor visitante da Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto. Neste período, enquanto convidado para ministrar aulas sobre cultura brasileira, ele produziu uma série de textos sobre sua estadia, publicados no jornal O Estado de S.Paulo, em 2011. Agora, os artigos, acompanhados de belas fotografias, foram compilados no delicado livro, que retrata as particularidades da cultura japonesa. Os textos (todos bilíngues, em português e japonês) são uma espécie de "diário" do professor, que aborda Kioto como uma cidade entrecortada por diferentes mundos: o do passado, tradicional, com seus templos e jardins, e outro um tanto descaracterizado pela influência ocidental. Além dos registros fotográficos, o livro traz ainda outras obras de arte, como colagens, que Giannotti também produziu no período.
Não deixe de ler: Contemplando Pedras em Kioto, um dos primeiros relatos que Giannotti escreveu, e que fala sobre a beleza das cerejeiras floridas no mês em que chegou (abril de 2011), em um momento em que a capital do Japão sofria com uma iminente crise nuclear.
CD 1Tejo TietêChico Saraiva e Susana Travassos. Produção de Paulo Bellinati. Delira Música. 2012. R$ 29,90. MPB/Fado.
Esse é para relaxar. O violonista brasileiro Chico Saraiva e a cantora portuguesa Susana Travassos fazem parceria em Tejo Tietê, álbum com 12 canções de artistas brasileiros e portugueses como Luiz Tatit, Heitor Villa-Lobos e Pedro Ayres Magalhães (um dos fundadores do grupo Madredeus).
As letras pegam fundo, na tradição do fado lusitano, como em "O Tamanho da Tristeza". O crescedo emocional de "Menino do Mar" é um dos destaques, ressaltando a influência da melodia portuguesa sobre a música brasileira. Em algumas faixas, a dupla faz dueto, como em "Tejo-Tietê", de Saraiva e Tiago Torres da Silva, embalada por um violão tipicamente brasileiro.
Quem são: Saraiva já tem quatro discos lançados: Água (1999), Trégua (2003), Saraivada (2007) e Sobre Palavras (2009), com a cantora Verônica Ferriani. E Susana mostrou a influência da música popular brasileira em sua formação já em seu primeiro disco, uma homenagem a Elis Regina (2008).
CD 2Bankrupt!Phoenix. Warner Music. US$ 9,99 na www.amazon.com. Indie rock.
Sem pretensões de repetir o sucesso estrondoso do disco anterior, Wolfgang Amadeus Phoenix, de 2009, o grupo francês Phoenix apostou em uma postura mais experimental no recém-lançado Bankrupt!, seu quinto álbum. A intenção se mostra com clareza na faixa-título, que traz uma longa introdução de sintetizadores e mudanças de clima, mas não reveste o álbum como um todo, sustentado sobre o power pop com ecos oitentistas que permeia o som do grupo. Incendiadas por sintetizadores estridentes, as melodias cativantes de Thomas Mars e as batidas e guitarras potentes permanecem como as principais marcas da música dos franceses (ouça "Entertainment", o primeiro single do disco, e "S.O.S. In Bel Air").
Por que ouvir? Embora nenhuma das canções tenha a eficiência de petardos como "Lisztomania", do disco anterior, Bankrupt! traz um novo lote de canções pop inteligentes e contundentes, e não deverá decepcionar antigos admiradores do Phoenix.