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| Foto: Sossella

Brasília (DF) –Um filme pernambucano feito com poucos recursos e o novo trabalho de um cineasta da nova geração do cinema brasileiro foram os primeiros destaques da mostra competitiva de longas-metragens do 40.º Festival de Brasília do Cinema Brasília.

Na quinta à noite, José Eduardo Belmonte (paulista que desenvolveu a carreira cinematográfica no Distrito Federal) apresentou Meu Mundo em Perigo, seu terceiro longa-metragem, uma fita bem superior aos seus irregulares e pretensiosos trabalhos anteriores – Subterrâneos, inédito nos cinemas, e A Concepção, lançado no Festival de Brasília em 2005, e que esteve no circuito comercial brasileiro no ano passado.

Filmada na capital paulista, a produção entrelaça a história de três personagens em momentos extremos de suas vidas – Elias (Eucir de Souza, de Soluços e Soluções) acaba de perder a guarda do filho para a mulher que considera louca; Fito (Milhem Cortaz, de Tropa de Elite) tem problemas com a mulher, que o considera um covarde, e ainda vê o pai morrer depois de um atropelamento; e Isis (Rosane Mulholand, de O Magnata), que se esconde em um hotel vagabundo para evitar seus problemas familiares. Uma câmera nervosa acompanha de perto o trio, revelando uma trama cujo desenvolvimento vai culminar em tragédia.

Belmonte faz um ótimo trabalho tendo como base um forte e convincente texto dramatúrgico (muitos diálogos e cenas foram escritos pelo londrinense Mário Bortolotto, ator e diretor de teatro radicado em São Paulo) e o competente trabalho dos atores – com grande destaque para Eucir de Souza.

Na quarta, coube ao jovem Daniel Bandeira abrir a competição candanga com Amigos de Risco, sua estréia em longas. Realizado na base da raça, com escasso orçamento, o filme (captado em mini-DV) tem qualidade técnica sofrível em alguns momentos. Mas, segundo os realizadores, deixar os vários problemas de som e imagem transparecerem na tela foi uma proposta estética, para demonstrar que o importante é fazer cinema, não importa a forma que seja.

A premissa da trama é interessante, sobre o reencontro de três amigos no Recife – um deles, Joca (Irandhir Santos, de Baixio das Bestas), traiu os parceiros anos antes e retorna para novamente complicar a vida deles. Mas, aos poucos, o filme vai se estendendo desnecessariamente, mostrando que a história rendia apenas um bom curta-metragem.

Os longas tiveram recepção morna, mas dois curtas paulista conquistaram a platéia brasiliense. Apresentado na quinta-feira, Café com Leite, do Daniel Ribeiro, começa com um jovem casal gay decidindo morar junto. Mas os planos são interrompidos quando um deles perde os pais em um acidente, sendo obrigado a cuidar do irmão mais novo. O dia a dia do trio é retratado com muita sensibilidade, em um roteiro bem escrito, mostrando as dificuldades de relacionamento dos namorados e aproximação dos irmãos. O trabalho recebeu uma verdadeira ovação do público. Espalhadas pelo Ar, de Vera Egito, veiculado na quarta, foi outro curta muito bem recebido. A história, também sensível, é centrada em personagens femininas, uma adolescente que vive a primeira paixão e uma mulher na casa dos 30 anos que está se separando do marido.

O repórter viajou a convite do festival

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