Osvaldo Pugliese, um dos compositores mais famosos da Argentina, costumava dizer que o tango só começa a fazer sentido depois dos 30 anos. Mas uma jovem geração de músicos e compositores vêm provando o contrário.
Afastando-se dos ritmos puristas e das fusões eletrônicas do final dos anos 1990, a nova geração lota os locais que tocam composições com temas contemporâneos que tentam levar o tango de volta a um lugar de destaque na cena nacional.
"Eles estão recuperando a história do tango, não apenas a idade dourada, mas suas origens mais arenosas", disse o historiador Sergio Pujol, autor de "Canções Argentinas: 1910-2010".
"Eles estão se voltando para composições que falam de uma realidade social mais complexa e tosca. É uma via interessante e menos percorrida."
Em vez de um homem velho de terno, chapéu e cabelo engomado, Julian Bruno, de 27 anos, subiu ao palco recentemente vestindo camiseta, o cabelo preso num rabo de cavalo, parecendo mais um integrante de uma banda grunge do que um cantor de tango.
"É um mito que o tango só faz sentido quando você é mais velho", disse Bruno, cantor da Ciudad Baigon Orchestra, com 12 integrantes. "Estamos fazendo o novo tango falar sobre a realidade de hoje, usando uma linguagem atual."
O tango - nascido no século 19 no porto de Buenos Aires e dançado nas madrugadas depois do trabalho pelas prostitutas e pelos operários das docas - originalmente falava de uma realidade mais tosca, usando com freqüência uma gíria chamada "lunfardo".
A origem mais tosca do tango e a consciência social ficaram escondidas quando esse tipo de música viveu sua idade de ouro nos anos 1940 e as grandes orquestras tocavam versões sentimentais e comerciais.
"O tango costumava a lidar mais com trivialidades e não com questões sociais", disse Gabriel Gowezniansky, de 26 anos, letrista do Ciudad Baigon. "Agora o tango está tratando de temas mais sociais assim como o rock em um momento."
Quando o rock fez sucesso entre os jovens argentinos nos anos 1960, e mais tarde durante a ditadura militar, ele era uma força para falar sobre mudança social, enquanto o tango, com sua solidão e suas letras nostálgicas, era visto como música de vovô.
"Meus pais queriam ouvir Beatles e fazer a revolução. Agora, queremos fazer a revolução, mas pelo tango", disse Hernán Cabrera, de 30 anos, diretor de Ciudad Baigon, que lançou seu álbum "Destierro" este ano.
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