
Uma leva de dez novas produções do cinema francês invade as telas de 22 cidades brasileiras. Em Curitiba, os longas-metragens inéditos no país serão exibidos em diversos horários no Unibanco Arteplex Crystal, de hoje a 16 de junho. E, para tornar esta edição especialíssima, desembarcam hoje no Rio de Janeiro divas de três gerações do audiovisual da França: Catherine Deneuve, Sandrine Bonnaire e Audrey Tatou.
A bela Deneuve é a estrela do filme de abertura do festival realizado pela Unifrance Film International: Potiche: Esposa-troféu, com exibição hoje, às 20h15, e que será lançado no país em 17 de junho. Nesta nova comédia de François Ozon, um dos cineastas mais originais da nova geração francesa que já reuniu Deneuve e outras damas do cinema de seu país como Isabelle Huppert, Fanny Ardant e Emmanuelle Béart em 8 Mulheres , a atriz sexagenária é Suzanne, a "potiche" que intitula o filme, esposa-troféu e submissa de Robert Pujol (Fabrice Luchini), proprietário de uma fábrica de guarda-chuvas que trata de maneira ríspida e autoritária funcionários, filhos e esposa. Todos os papéis sociais se invertem quando o chefe da família é sequestrado e Suzanne, a dona-de-casa burguesa, surpreende a todos ao assumir o comando da fábrica.
A atriz homenageada desta edição do Varilux, porém, não é "a bela da tarde", e sim Sandrine Bonnaire, vencedora, entre outros prêmios, do troféu de melhor atriz do Festival de Veneza em 1995 por sua atuação em Mulheres Diabólicas, de Claude Chabrol. A Embaixada da França apresenta uma mostra retrospectiva de oito filmes que têm a atuação ou a direção de Sandrine, exibida no Rio e em São Paulo durante o festival, e que mais tarde circulará por outras cidades brasileiras.
O mais recente filme protagonizado pela atriz é Xeque-Mate, dirigido pela estreante em longas-metragens Caroline Bottaro, com exibição em Curitiba nos dias 13 e 14. A comédia dramática acompanha o dia a dia pacato de Hèlena (Bonnaire), uma mulher retraída, com marido e filha adolescente, que trabalha como arrumadeira em um vilarejo de Córsega. Sua falta de entusiasmo pela vida se revela apenas aparente quando ela encontra no jogo de xadrez a possibilidade de abrir um novo caminho.
Anticonvencional
O grande destaque do segundo dia de festival é Copabacana, de Marc Fitoussi, cuja força está na estupenda interpretação de Isabelle Huppert. Ela é Babou, uma mulher de mais de 50 anos, pouco apegada às convenções da vida burguesa, que decide aceitar um emprego monótono como corretora de imóveis para agradar à filha, a certinha Esmeralda (Lolita Chammah). A jovem tem vergonha dos modos intempestivos da mãe, e decide que não irá convidá-la para o seu casamento. A grandeza do filme está justamente em revelar, sem caretices, o lento aprendizado que a radical Babou terá de fazer para recuperar a estima de Esmeralda pequenas concessões que, nem por isso, sacrificam suas crenças pessoais em como levar a vida.
É uma história, sobretudo, que fala do amor entre mãe e filha, que exige tolerância e admiração de ambas as partes. Afinal, tudo é uma questão de ponto de vista, como revela a cena impagável em que Babou entra em plena crise quando, ao oferecer um prato de comida a um jovem casal de viajantes que vê na rua, é chamada pelo rapaz de "gorda burguesa que tenta comprar a paz com um prato de comida". O filme tem diversas imagens poderosas que contrapõem a caretice social à "porralouquice" adorável de Babou. Tudo ao som de ótimas músicas brasileiras que, mais do que servir de trilha sonora, se integram ao roteiro sutil e criativo.
Bem menos interessante é Uma Doce Mentira, de Pierre Salvadori, exibido nos dias 10, 13 e 16, comédia romântica protagonizada por Audrey Tatou, que parece ter ficado presa a papéis bobinhos após estourar como Amélie Poulain. Até o nome de sua personagem é parecido ao da heroína de Jean-Pierre Jeunet: ela é Emilie, dona de um salão de beleza estiloso que recebe uma carta de amor anônima e imediatamente a atira ao lixo, diante de seu autor, o tímido empregado Jean (Sami Bouajila). Mais tarde, ela tem a ideia de reenviar a carta à mãe, Maddy (Nathalie Baye), inconsolável pela separação, há quatro anos, do marido, sem imaginar que seu gesto irá provocar uma série de mal-entendidos amorosos. A veterana Nathalie Baye é a ponta mais charmosa desse triângulo amoroso, inspirado em comédias americanas dos anos 50, mas sem sabor, pelo excesso de artifícios com que foi construída, a começar pela cenografia de ar retrô-moderninho e a fotografia de cores saturadas.
Serviço
Festival Varilux de Cinema Francês, de 9 a 16 de junho, no Unibanco Arteplex Crystal (Shopping Crystal R. Com. Araújo, 731 - Piso L1, Batel). A programação completa está no site www.festivalcinefrances.com
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