O mundo dos quadrinhos retomou sua invasão dos cinemas há algum tempo, seja com os super-heróis tradicionais, como Batman, Homem-Aranha, Hulk, Demolidor, X-Men e Quarteto Fantástico, ou com outros personagens menos conhecidos do grande público, como John Constantine e Blade. Mas o que espectador pôde ver até agora foram apenas adaptações – algumas muito fiéis e outras nem tanto – das histórias desenhadas nas "revistinhas" ou graphic novels. Até agora. Estréia na próxima sexta-feira no Brasil a produção que está sendo considerada um novo marco no cinema por ser a transposição perfeita dos quadrinhos para as telas: Sin City – A Cidade do Pecado.

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Um dos títulos mais aguardados do ano, o filme dirigido por Robert Rodriguez e Frank Miller estreou nos EUA em 1.º de abril e deveria ter chegado em 22 de maio no Brasil, mas foi transferido para julho com o objetivo de não bater de frente com o lançamento de alguns blockbusters da temporada, como Star Wars – Episódio 3: A Vingança dos Sith, Batman Begins e Guerra dos Mundos – não há como compreender a lógica dos distribuidores tupiniquins, principalmente em um período de declínio de um mercado que necessita cada vez mais de títulos que chamem a atenção do público para aumentar as bilheterias.

Por conta do grande atraso, a maioria das revistas e jornais brasileiros já destrinchou a história da produção da fita, mas vale um resumo. Robert Rodriguez (dos filmes do personagem El Mariachi e da série infantil Pequenos Espiões) sonhava há muitos anos levar Sin City ao cinema. Mas o autor Frank Miller, depois de uma experiência mal-sucedida em Hollywood com Robocop 2 e 3, dos quais foi roteirista, recusava-se a sequer conversar com quer que fosse sobre a adaptação de suas obras para a tela grande.

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O diretor texano, que adora trabalhar com câmeras digitais e cria seus filmes em um estúdio construído em sua casa (onde produz, edita, grava e insere trilha sonora, efeitos especiais, entre outras coisas mais; confira nos extras do DVD do filme Era uma Vez no México), fez então um curta-metragem de uma das histórias de Sin City, com cenários totalmente digitalizados, uma reprodução muito semelhante ao traço de Miller. O desenhista conferiu o trabalho e não teve como recusar a proposta de um longa de Rodriguez, que ainda lhe ofereceu a co-direção do filme. O filmete, estrelado por Josh Hartnett (Pearl Harbor), foi utilizado como abertura da fita.

Ah, mas você ainda não sabe quem é Frank Miller? Para quem é apreciador de quadrinhos, o criador de Sin City é uma figura mítica. Ele praticamente ressuscitou o Homem-Morcego, dando nova diginidade ao personagem com as primorosas graphic novels O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um (está última foi realizada ao lado de David Mazzucchelli e serviu de base para algumas seqüências de Batman Begins), além de ser o responsável pela fase clássica do Demolidor. Um de seus mais recentes trabalhos, Os 300 de Esparta, também será adaptado para o cinema por Zack Snyder (Madrugada dos Mortos), produção prevista para 2006.

A inspiração de Sin City (cidade do pecado, alcunha de Las Vegas, nos EUA) vem das histórias noir, recheadas de heróis durões, bandidos inescrupolusos, mulheres perigosas e fatais e tramas muito, mas muito violentas. Miller produziu cinco histórias completas (que já foram publicadas no Brasil e estão sendo relançadas este ano pela Devir Livraria) e outras mais curtas sobre esse universo.

Três das graphic novels maiores são base para a produção de Rodriguez: A Cidade do Pecado tem como protagonista o grandalhão Marv, que busca o assassino da prostituta Goldie, sua única paixão; A Grande Matança destaca o honrado detetive Dwight, que vai ajudar um grupo de prostitutas (sempre elas) a se vingar de um policial corrupto; O Assassino Amarelo apresenta o policial Hartigan, que se envolve numa complicada trama em Basin City ("cidade suja", onde tudo acontece em Sin City) um dia antes de se aposentar.

Além do impressionante visual – o traço em preto-e-branco de Miller estoura na tela em cenas que são cópias perfeitas dos seus quadrinhos –, o que também chama a atenção no longa é a enorme lista de atores reunidos pela produção, com astros do primeiro time de Hollywood como Bruce Willis (Hartigan), Elijah Wood e Benicio Del Toro; estrelas ascendentes como Clive Owen (Dwight), Jessica Alba, Rosario Dawson, Nick Stahl e Britanny Murphy; e astros de outrora como Mickey Rourke (Marv) e Rutger Hauer. Para completar, a cereja do bolo é a participação do cultuado Quentin Tarantino (amigo de longa data de Rodriguez) como diretor convidado – ele é responsável por uma das seqüências de A Grande Matança, com os personagens Dwight e Jack Boy (Del Toro).

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Robert Rodriguez e Frank Miller já trabalham na produção de Sin City 2, que terá como base principal a graphic novel A Dama Fatal e deverá estrear nos EUA no segundo semestre de ano que vem. Vários personagens do primeiro filme devem voltar e o elenco de estrelas poderá ganhar o reforço de Salma Hayek (praticamente confirmada) e Johnny Depp (ainda em especulação).