Novas estrelas

Eles até são conhecidos do espectador de cinema, mas se alguém perguntar, serão poucos os que vão se lembrar de seus nomes. São atores que passam anos fazendo papéis de coadjuvantes – muitas vezes roubando a cena da estrela principal – e que raras vezes tiveram a chance de protagonizar uma produção. Outros são mais conhecidos pelas atuações na telinha, onde fazem muito sucesso, inclusive, mas a carreira cinematográfica ainda não decolou. Também há os novatos, que começam a ser reconhecidos logo nos primeiros trabalhos. Em 2006, esses "outsiders" ganham destaque no Oscar, recebendo indicações, alguns com possibilidades de vitória.

David Strathairn, que concorre a melhor ator por Boa Noite e Boa Sorte – de George Clooney, passou muito tempo longe dos holofotes. O ator de 57 anos protagonizou diversos filmes independentes e viveu coadjuvantes em fitas mais conhecidas como Rio Selvagem e A Firma. Pelo papel no filme de Clooney, Strathairn recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza e uma indicação ao Globo de Ouro. Seria uma boa aposta à estatueta se a categoria não fosse uma quase barbada para Philip Seymour Hoffman, de Capote.

Também alcançando o primeiro time dos astros de Hollywood, Terrence Howard, de 36 anos, foi nominado a melhor ator pela interpretação de um cafetão em Ritmo de um Sonho, que deve estrear em março no Brasil. Ele também está no elogiado elenco de Crash – No Limite, recentemente premiado pelo SAG (sindicato dos atores americanos). Suas atuações anteriores incluem séries e filmes para a tevê (como Lackawana Blues, indicada a vários prêmios) e papéis menores em fitas como Quatro Irmãos e Vovó... Zona. Howard é mais um ator negro a ter o trabalho reconhecido pela Academia, seguindo os passos de Denzel Washington, Jamie Foxx e Will Smith.

Entre as atrizes, uma das atuações mais elogiadas é a de Felicity Huffman em Transamerica, vivendo um transsexual que descobre ter um filho. A atriz de 43 anos era uma mera desconhecida do grande público até a estréia do seriado Desperate Housewives, um dos mais assistidos da tevê americana (no Brasil, passa no canal pago Sony, também com boa audiência) e vencedor de diversos prêmios. Ela vive uma das protagonistas do show, depois de pontas em séries como Frasier, Lei & Ordem e The West Wing. Ela recebeu o Globo de Ouro de atriz dramática este ano, mas deve perder o Oscar para Reese Whiterspoon (Johnny e June), a nova queridinha da América.

Favorito ao Oscar de ator coadjuvante, Paul Giamatti também levou tempo para figurar entre os nomes principais de um elenco. Mas nos últimos dois anos, teve atuações elogiadíssimas em O Anti-Herói Americano e Sideways. Giamatti não foi sequer indicado Oscar pelos dois filmes e deve ganhar a estatueta deste ano como reconhecimento atrasado – algo comum nas premiações da Academia. Concorrendo por A Luta pela Esperança, o ator deve deixar para trás o galã George Clooney (indicado por Syriana).

Também é comum na história da Academia a indicação de atrizes novatas ou desconhecidas para a premiação. Amy Adams, lembrada como coadjuvante por Junebug, é o novo nome da lista que inclui: a colombiana Catalina Sandino Moreno, nomeada para melhor atriz em 2005 por Maria Cheia de Graça; a jovem australiana Keisha Castle Hughes, protagonista de A Encantadora de Baleias (2004); a iraniana Shohreh Aghdashloo, indicada a coadjuvante por A Casa de Areia e Névoa (2004); e a britânica Sophie Okonedo, coadjuvante de Hotel Ruanda (2005). Adams tem como principal destaque no currículo a participação em um papel menor de Prenda-Me se For Capaz, de Steven Spielberg, mas recebeu um prêmio especial do júri do Festival de Sundance por Junebug.