O último CD lançado por Michael Jackson vendeu apenas oito mil cópias na primeira semana nas lojas, alcançando o 128º lugar no ranking de vendagem. O "Essencial Michael Jackson" foi o primeiro lançamento do artista depois que ele foi inocentado das acusações de abuso sexual contra uma criança. Para se ter uma idéia do fracasso, o primeiro CD da lista de mais vendidos, uma coletânea com vários artistas chamada "Now 19", vendeu 436 mil cópias na primeira semana após o lançamento, segundo o site da "BBC".
O baixo retorno com o CD vem agravar a situação do cantor, que está tecnicamente falido. O Michael Jackson que emerge do processo de abuso sexual é um popstar na véspera dos 47 anos, a completar dia 29 de agosto próximo, com uma grande interrogação sobre seu futuro, uma dívida particular superior a 400 milhões de dólares e um jejum das paradas de sucesso desde 2001, quando seu último CD, "Invincible", conseguiu emplacar algumas canções, mas não se pagou. Vendeu pouco mais de 2 milhões de cópias, muito pouco para os US$ 20 milhões torrados na produção.
E um contraste gritante com os 26 milhões de cópias vendidos até hoje de "Thriller", de 1982, segundo dados oficiais da RIAA, a associação da indústria fonográfica americana.
Mesmo inocentado, provavelmente pelas dúvidas levantadas com sucesso pela defesa, Jackson tem um histórico de acusações de abuso sexual, cinco no total, que criam uma impressão desfavorável junto à opinião pública. No caso do mercado de discos, o impacto poderia ser menor, já que vários marginais de gangues e traficantes vendem milhões de discos atualmente nos Estados Unidos. O problema é que Jackson é visto como uma relíquia do passado, alguém relegado ao mercado de revivals, com um estilo musical fora da ordem. Sua imagem é desgastada, porque ele já acumula 41 anos de carreira. Seus velhos fãs estão mais velhos e vêem com desconfiança a imagem branquela, o rosto deformado pelas operações plásticas e sua predileção supostamente sexual por meninos, que hoje poderiam ser os filhos desses antigos fãs.
Em resumo: Michael Jackson já era
Especialistas do mercado musical acham que Jackson terá um mercado maior no exterior, onde sua aura de megastar ainda pode estar preservada. Dentro dos Estados Unidos, ele tem pela frente rappers como 50 Cent, Ja Rule, Usher, Outkast e Eminem que desfrutam um sucesso parecido com o dele nos anos 80. Em resumo: Michael Jackson já era.
Se ele conseguir renascer das desconfianças e do desgaste musical e pessoal, será um caso único. Sem novos sucessos, seus problemas financeiros se agravarão. Em dezembro deste ano, vence um empréstimo de US$ 200 milhões contraído com o Bank of America, que repassou a quantia ao Fortress Investement Group, que baterá na porta de Neverland no Natal exigindo um 'chequinho' gordo.
Brett Pulley, editor da revista de conomia Forbes, disse que Michael deixou de fazer o pagamento de outro empréstimo durante o processo, provavelmente devido aos custos de sua defesa, na casa de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões.Se não conseguir pagar os empréstimos, os credores irão atrás dos bens mais lucrativos que ele tem no portfólio, a saber: os catálogos de suas músicas na editora Mijac Music, no valor de US$ 150 milhões, e sua metade da editora Sony/ATV, que controla quatro mil canções, incluindo a maior parte do catálogo dos Beatles e de Elvis Presley, no valor de meio bilhão de dólares. O rancho de Neverland vale US$ 25 milhões, mas custa US$ 2 milhões em manutenção por mês, com mais de 100 empregados, uma extravagância. Michael não economiza nas compra e gasta de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões a mais do que ganha por ano.
Defasado musicalmente, moralmente combalido diante do público e muito endividado, Michael Jackson precisa de uma nova formatação musical que o leve de volta às paradas de sucesso. É isso ou uma derrocada para o ocaso. Se daqui a um ano, ele estiver fazendo show em Las Vegas, adeus mito pop. No caso dele, é reinventar-se ou sumir do mapa.
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