David Lynch não é um diretor como os outros. Os críticos dizem que seus filmes não fazem sentido, e até o cineasta admite que eles são difíceis.
Mas Lynch contribui para o ar de mistério fazendo esquisitices como levar uma vaca para passear num cruzamento movimentado de Los Angeles ou resolvendo entrar no negócio do café para que seus espectadores tomem do seu café enquanto assistem aos seus longas.
Lynch diz que levou a vaca para passear, numa coleira, porque todo mundo gosta de uma vaca. Quando uma jovem perguntou se podia fazer carinho no animal, recebeu a resposta: "Não, a vaca está trabalhando".
O diretor, autor de filmes como "Veludo Azul" e "Cidade dos Sonhos", está levando vacas para passear, carregando pôsteres da atriz Laura Dern e recebendo admiradores numa loja de doces, tudo para promover seu mais recente projeto, um filme de três horas chamado "Inland Empire", que ele está distribuindo pessoalmente pelos Estados Unidos.
A crítica elogiou a performance de Dern, embora não tenha entendido bem se ela está atuando ou qual personagem ela faz. Há pelo menos três para escolher.
Mas não tem importância. Os críticos não sabem muito bem sobre o que "Inland Empire" trata, mas dizem que ele combina perfeitamente com Lynch, o diretor cult favorito de Hollywood, graças a seus projetos surreais.
A crítica do New York Times escreveu, recentemente: "Há poucos lugares no cinema tão assustadores para se ficar quanto a cabeça de David Lynch".
"Inland Empire" começa contando a história de uma elegante atriz loira numa mansão, que estrela um filme amaldiçoado. Logo ela e o papel se misturam e a trama, que se passa numa área deserta perto de Los Angeles, vai parar nas ruas cheias de neve de Lodz, na Polônia, e depois no meio dos sem-teto do Hollywood Boulevard, onde a atriz se refugia.
Tudo no filme é ameaçador, e, para piorar, há uma família de coelhos vestidos de gente. Sempre que os coelhos falam, surge uma claque. O que aqueles coelhos estão fazendo no filme é um mistério que só Lynch pode - mas não quer - revelar.
"Não falo sobre esse tipo de coisa. Há algo nisso que me parece certo, tão certo que me deixa feliz. Embora eles sejam coisas abstratas, eles têm um papel muito importante na história para mim, e é isso."
Lynch quer que os espectadores sintam seus filmes, e não os entendam de uma forma concreta. "Não é uma coisa intelectual. Sou um cineasta intuitivo. Você vai pela intuição, deixa a idéia falar."
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