A principal estreia nacional desta sexta-feira nos cinemas é o único assunto dos "legionários" de todo o país. Somos Tão Jovens, o primeiro filme sobre Renato Russo, finalmente chega às salas de exibição com 650 cópias e a expectativa de levar milhões para a frente da telona.
No longa-metragem, a história é mais de Renato Manfredini Júnior do que de Renato Russo. O recorte bibliográfico escolhido é a adolescência do garoto de 16 anos que, três anos depois de se mudar do Rio de Janeiro para Brasília (em 1973), começa a sofrer de uma rara doença óssea (epifiólise) e, apesar da dor, aproveita a fase na cadeira de rodas para estudar, conhecer todos os roqueiros que estouravam no planeta, ler os melhores autores e pensadores do mundo e, claro, começar a planejar o que precisava para ser um rock star. Depois disso, vem a fase punk, quando Renato formou o grupo Aborto Elétrico, os momentos solo como "Trovador Solitário" e, já quase no fim da fita, o nascimento do Legião Urbana.
O projeto do filme começou em 2006 e, durante todos esses sete anos, o produtor Luis Fernando Borges, um dos grandes amigos de Renato e idealizador do filme, foi atrás da equipe ideal para contar essa história.
A ideia foi comprada logo de cara pelo diretor Antonio Carlos de Fontoura, que virou fã do Legião Urbana e tem as melhores expectativas para o longa-metragem. "Eu não tinha o projeto de fazer um filme sobre o Renato Russo, mas, quando o Borges me falou do longa, eu topei na hora. Eu sempre quis fazer um filme ligado à música, porque antes de ser roteirista eu queria ser músico. Eu só quero que o filme faça o mesmo sucesso que a banda", brinca Fontoura em entrevista concedida à Gazeta do Povo durante a apresentação do filme à imprensa no hotel Staybridge Itaim, em São Paulo, na semana passada.
Como é um filme que trata mais da fase teen do poeta, não se deve esperar um longa-metragem dramático, com cenas pesadas ou passagens das fases mais radicais da vida do músico. "A juventude é mais visceral que a fama. Então, eu acho que esse filme tem muito mais energia que qualquer outro momento da carreira que a gente quisesse mostrar. Sem contar que filmes com rock stars quebrando hotéis e enlouquecendo nós já temos. Eu não queria fazer um The Doors [1990] ou Cazuza [O Tempo Não Para, de 2004]. Esse filme eu já vi...", explicou Fontoura.
Entre os fatores que muito contribuíram para a energia jovem transmitida pelo filme está o fato de que Carlos Trilha, diretor musical, exigiu que todas as músicas fossem tocadas ao vivo e pelos próprios atores. O que demandou um esforço maior do elenco e um preparo grande da produção. "Eu aprendi a tocar para o filme. Eu até tinha um violão, mas estava totalmente desafinado e vivia dentro da capa. Então, essa foi uma dificuldade que depois se transformou em um grande aprendizado e foi um dos meus maiores ganhos ao fazer esse trabalho. O Carlos Trilha, o Fernando Morello e Fred Nascimento [também responsáveis pela trilha] me ensinaram desde o primeiro acorde eu aprendi 3 ou 4...", brincou o protagonista Thiago Mendonça, olhando para Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, e brincando com a história de que Renato dizia que, para aprender a tocar Legião, só era preciso saber três acordes.
Trama
Na história, além de muitos personagens baseados em pessoas reais e fatos que realmente aconteceram, há também elementos de ficção. A personagem Aninha, vivida por Laila Zaid, está entre as boas escolhas de criação. Na fita, a moça meiga é a parceira de Renato para todas as horas, a melhor amiga e fiel escudeira. "O filme é amarrado em fatos reais, como a discussão do Fê Lemos [baterista do Capital Inicial] com o Renato, o interesse do Dado pela banda vendo os cartazes punks, enfim... Com relação à Aninha, foi o seguinte: o Renato tinha tido algumas namoradinhas, mas nenhum relacionamento bem sério. Então, a gente sintetizou todas as meninas em uma só", contou o diretor.
Entre os retratados na telona estão Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, que estão bastante satisfeitos com o resultado. "Eu fiquei muito feliz com o filme e acho que o Thiago se superou na interpretação do Renato. A semelhança é incrível", disse Dado, com o complemento de Bonfá: "É uma parte da história, que mostra o começo de tudo. Eu gostei bastante e até teria aceitado fazer uma pontinha no filme. Podia até ser o pipoqueiro na praça...", brincou Marcelo, bem-humorado.
A união de tantos elementos reais e ficcionais, os amores em forma de amizade, os anseios adolescentes e as histórias do início do rock brasileiro fazem de Somos Tão Jovens uma atração não só para fãs do Legião, como também para todos os que gostam de música, têm um apreço por Brasília e, claro, gostam de uma história de vida bem-contada.
Cultura e Lazer | 5:29
"Somos Tão Jovens" conta a história do garoto de 16 anos que é apaixonado por música, pelos amigos e está se descobrindo como pessoa. Confira como foi a entrevista coletiva com o elenco.
Deixe sua opinião