Existe um debate pontual sobre o futuro do álbum musical como conceito. Para muitos, soa estranho comprar um CD, um vinil, ou mesmo pagar por um download oficial, quando as músicas podem ser selecionadas uma por uma, com a curadoria de um serviço de streaming.
O último álbum da Adele, “25”, não foi disponibilizado em nenhum serviço de streaming e, também por isso, foi o disco mais vendido nos Estados Unidos em 2015, com mais de 6 milhões de cópias comercializadas. Em comparação, 20 anos atrás, também naquele país, o quinto álbum de estúdio do Red Hot Chili Peppers, “Blood Sugar Sex Magik”, vendeu 13 milhões de cópias.
Os números dão conta de sustentar as opiniões mais pessimistas, que antecipam o fim dos discos. Em verdade, desde que o mundo se conectou à internet, o mercado de discos é demonstrado por uma amarga linha decrescente. No entanto, músicos de todos os cantos, tanto da indústria mainstream, como nas instâncias independentes, continuam a criar álbuns.
No Spotify, de um ponto de vista econômico, os discos ainda valem a pena para os artistas. Segundo artigo publicado pela “The Economist”, para um álbum classificado entre os dez mais tocados, os royalties podem chegar até US$ 400 mil. Já os singles representam uma quantia irrisória, entre US$ 0,006 e US$ 0,0084 por strem.
O valor é baixo e, por isso, os artistas se dividem sobre as vantagens desse tipo de serviço. Em artigo publicado em seu site oficial, o Spotify se defende: quando uma música é ouvida 500 mil vezes em sua plataforma, isso é o mesmo que ser tocada em uma estação de rádio para um público de 500 mil pessoas. Enquanto na rádio, os valores são repassados aos artistas com profundas distorções, no Spotify, o valor pago por 500 mil audições fica entre US$ 3 mil e US$ 4 mil.
Se a remuneração pode chegar a grandes cifras para artistas consagrados, o mesmo não acontece com trabalhos menos populares. Por isso, no ano passado, a banda Atoms for Peace, a exemplo de outras, retirou suas músicas do Spotify.
Em entrevista para a revista “Rolling Stone”, Nigel Godrich, membro da banda e produtor do Radiohead, disse que os novos artistas só perdem com esse novo modelo. “É uma equação que não fecha. A indústria da música está sendo tomada pela porta dos fundos, se não tentarmos torná-la justa para novos produtores e artistas, a arte vai sofrer”, crava Godrich.
Vale lembrar que as grandes gravadoras têm acordos com os serviços de streaming – Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal, entre outros – justamente para tentar compensar a queda nas vendas de discos físicos. Portanto, ao fim e ao cabo, a exploração financeira sobre os artistas permanece.