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Ver um filme na tela grande, seu lugar de origem, ou na telinha de casa, no conforto do sofá ou da cama? Parece que o brasileiro tem optado mais pela segunda opção. Por aqui, o mercado de DVDs, tanto para venda como para locação, não pára de crescer. Em contrapartida, o público das salas de cinema encolheu ainda mais em 2006, com a situação ficando cada vez mais complicada para a produção nacional, que teve apenas dois filmes conseguindo marcas expressivas de público: o infantil Didi, o Caçador de Tesouros, com pouco mais de 1 milhão de espectadores, e a comédia Se Eu Fosse Você, de Daniel Filho, com mais de 3,6 milhões de ingressos vendidos.

A situação tinha tudo para se repetir nos EUA, que teve uma temporada ruim de bilheterias em 2005, muito inferior a 2004, o ano-recorde de arrecadação na América, com US$ 9,4 bilhões em bilhetes comercializados. Mas o ano foi "salvo" por um pirata mau-cárater e um tanto afetado: Jack Sparrow, vivido novamente de forma brilhante por Johnny Depp no segundo filme da série Piratas do Caribe. O Baú da Morte foi o terceiro filme na história a arrecadar mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, perdendo apenas para o imbatível Titanic (quase US$ 2 bilhões) e O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.

O longa dirigido por Gore Verbinski ajudou no aumento de 6% na arrecadação total dos cinemas nos EUA em relação a 2005. Outros filmes contribuíram para este resultado, como as animações Carros e A Era do Gelo 2 e os blockbusters X-Men – O Confronto Final, O Código Da Vinci, Superman – O Retorno e Missão: Impossível 3 (este dois últimos foram bem de bilheteria, mas a expectativa em torno deles era bem maior). Entre os blockbusters, deve-se lembrar ainda de 007 – Cassino Royale, lançado há duas semanas, que apresentou Daniel Craig como o novo James Bond e já se transformou no filme mais rentável da franquia criada há mais de 40 anos.

A qualidade irregular da safra 2006 do cinema nos EUA não ajudou muito as bilheterias. Os blockbusters não eram lá grandes filmes (geralmente não o são) e mesmo o cinema considerado independente – feito com orçamentos menores, fora dos grandes estúdios – não teve maiores destaques do que aqueles indicados ao Oscar: Crash (vencedor da premiação), O Segredo de Brokeback Mountain (a produção mais comentada do ano, por ter caubóis gays como personagens centrais), Boa Noite, e Boa Sorte (ótimo filme dirigido por George Clooney) e Capote (com a marcante atuação de Philip Seymour Hoffman). Ainda na área dos independentes, as surpresas do ano foram Pequena Miss Sunshine, comédia sobre uma família disfuncional, e Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (ainda inédito no Brasil), divertidíssima criação do comediante inglês Sacha Baron Cohen, que custaram pouco e arrebentaram nas bilheterias.

Nós e os outros

No cenário internacional, vale destacar a volta de Pedro Almodóvar ao universo feminino no belo Volver, que pode ganhar algumas indicações ao Oscar 2007. Os cineastas mexicanos também se sobressaíram, com uma trinca de filmes de forte temática política: Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón; Babel, de Alejandro González Iñárritu; e O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro. Este último e a película de Almodóvar podem ser os principais entraves para que o Brasil tenha novamente um filme na cerimônia do Oscar, com a indicação de Cinema, Aspirinas e Urubus a melhor produção estrangeira (a categoria dificilmente seleciona mais de um filme de língua latina entre seus finalistas).

O longa-metragem do pernambucano Marcelo Gomes começou sua carreira de sucesso no ano passado, arrebatando muitos prêmios em festivais nacionais e internacionais, e conseguindo um número considerável de espectadores (120 mil) para a pouca quantidade de cópias e para o lançamento de pequeno porte que teve. O filme é um dos melhores trabalhos da ótima safra 2005/06 da produção brasileira, que teve ainda como destaque Cidade Baixa (Sérgio Machado), Crime Delicado (Beto Brant), A Máquina (João Falcão) e Árido Movie (Lírio Ferreira), filmes que foram poucos vistos pelos brasileiros. A safra 2006/07 também apresenta qualidade com O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger) e O Céu de Suely (Karim Aïnouz), já lançados no cinema (o último ainda não chegou a Curitiba, que novidade!), e os inéditos Proibido Proibir (Jorge Durán), O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, selecionado para Sundance) e Baixio das Bestas (polêmico novo trabalho de Cláudio Assis).

Paraná

No Paraná, muitos cineastas ainda estão com seus longas-metragens parados, sem recursos. Os curtas-metragens finalizados em películas têm sido raros também. Quem está filmando no estado são principalmente os vencedores do edital de cinema e vídeo do Governo do Paraná. O primeiro longa-metragem do concurso, Corpos Celestes, de Fernando Severo e Marcos Jorge, já foi finalizado e busca agora um distribuidor para um lançamento de impacto nos cinemas. Jorge também filmou outro longa este ano: Estômago, vencedor de um edital do Ministério da Cultura para produções B.O. (baixo orçamento); o filme encontra-se atualmente em fase de pós-produção e finalização.

O destaque do audiovisual paranaense em 2006 foi o diretor Paulo Munhoz, que apresentou Brichos, seu primeiro longa-metragem de animação, que deverá ser lançado em janeiro próximo nos cinemas. O animador também obteve alguns prêmios em festivais com o curta-metragem Pax.

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