"O ano em que meus pais saíram de férias" foi o escolhido para representar o Brasil na corrida ao Oscar 2008. O filme disputou com mais 17 longas brasileiros e agora vai tentar uma das cinco vagas de melhor produção de língua estrangeira. O resultado sai em janeiro.
A escolha ficou a cargo de uma comissão formada pelos jornalistas Ana Paula Sousa e Pedro Butcher, os diretores de cinema Hector Babenco e Bruno Barreto e os críticos Rubens Ewald e Leon Cakoff.
Os filmes inscritos foram lançados no país entre 1º de outubro de 2006 e 30 de setembro de 2007.
Premiado
O filme do diretor Cao Hamburger, com Caio Blat, Simone Spoladore e Paulo Autran no elenco, conta a história de um garoto que passa a morar com o avô paterno, porque os pais têm que fugir às pressas da ditadura militar.
A produção lançada em 2006 já recebeu vários prêmios: Troféu Redentor de Melhor Filme - Júri Popular, no Festival do Rio 2006; Prêmio do Júri - Menção Honrosa e o Prêmio Petrobras Cultural de Difusão - Melhor Filme de Ficção, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2006; 4 troféus no Prêmio da Academia Brasileira de Cinematografia, nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhor Edição; dois Prêmios ACIE de Cinema, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro e 5 prêmios Fiesp/Sesi-SP do Cinema Paulista, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Germano Haiut), Melhor Atriz Coadjuvante (Daniela Piepszyk) e Melhor Direção de Arte.
Polêmica com "Tropa de Elite"
Questionados sobre a exclusão de "Tropa de elite", alardeado como o favorito para entrar no Oscar, os jurados lembraram que a escolha "não foi para o melhor filme do ano".
Babenco chegou a atacar um repórter que perguntou o motivo da não opção por "Tropa de elite", de José Padilha.
- Você esta emitindo a sua opinião e não está sendo jornalista - disse o cineasta.
Babenco ainda completou, equivocadamente, que críticos não faziam parte do júri. Por isso, não havia necessidade de eles justificarem a escolha tecnicamente. No que rapidamente Rubens Ewald Filho se pronunciou.
- Ele não é crítico mas eu sou. Só temos que deixar claro que não estamos escolhendo o melhor filme do ano. Estamos escolhendo o filme que vai para uma seleção internacional e que, de alguma forma, tem algumas regras a serem seguidas.
Ewald Filho lembrou que a Secretaria do Audiovisual teve o cuidado de escolher o júri que "conhecia bem esse universo".
- O padrão de qualidade deste filme é o que mais se aproxima desse tipo de premiação. Todos gostavam particularmente de "Tropa de elite", mas acho que ele segue muito o padrão de série americanas de TV - explicou Ewald Filho.
Os jurados lembraram também que "Cidade de Deus", com estética e tema muito parecidos com "Tropa de elite", foi recusado pela Academia em 2003 para uma das cinco vagas de melhor filme estrangeiro. Segundo Ewald Filho, a entidade repudia a violência e prefere produções mais humanitárias e sobre relações humanas nesta categoria.
- "O ano" é um filme original, tem relação de criança e velho. Há todos os argumentos para gostarem desse filme - disse o crítico, reforçando que os membros da Academia "têm mais de 60 anos, idéias pré-concebidas e não gostam muito de violência".
Vocação internacional
O outro crítico do júri, Pedro Butcher, destaca a vocação internacional do filme de Cao Hamburger.
- "O céu de Suely" (de Karim Aïnouz) e "O ano em que meus pais saíram de férias" já percorreram o mundo e ganharam prêmios em vários festivais - lembrou o jornalista.
"O ano" já tem distribuição garantida em mais de 20 países, entre Espanha, Itália, Canadá, França e Israel, pela City Lights Pictures. Nos Estados Unidos, a estréia será em dezembro em Nova York e Los Angeles, e depois em mais 25 cidades americanas.
Apesar de toda a repercussão, "Tropa de elite" só estréia oficialmente no Brasil dia 12 de outubro, mas já foi amplamente consumido em cópias piratas. Para atender os critérios de incrição para o Oscar, o filme está sendo exibido em uma única sala em Jundiaí, São Paulo.
Rubens Ewald Filho afirmou ainda que o sucesso de "Tropa" está restrito ao Rio de Janeiro, cidade onde começou a comercialização das cópias piratas.
- No resto do país não é essa repercussão toda. Entendo a grande expectativa do filme, é muito popular mas não nos guiamos por esse aspecto.
"Tropa" também tem estréia garantida nos EUA diz 25 de janeiro. Com isso, tanto esta produção quanto "O ano em que meus pais saíram de férias" podem concorrer em outras categorias do Oscar (como melhor filme, direção, roteiro ou ator/atriz) em 2009.
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