Karlos Rischbieter em seu escritório repleto de arte| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Mergulho europeu

Manual para ver, comer e beber bem

Outonal – Um Amor de Viagem pela Europa, recém-lançado pelo ex-ministro catarinense, mas curitibano por adoção, Karlos Rischbieter, retrata uma longa viagem de um casal a partir da Córsega, passando por 30 cidades e vilarejos italianos, franceses e suíços.

O encanto da arquitetura medieval e da natureza sob um clima perfeito é regado por refeições estonteantes, harmonizadas com os vinhos ideais.

René e Isabella podem ser considerados alteregos de Rischbieter e sua esposa Rosita, em trajetos que eles próprios realizaram e por rotas e hospedarias que eles indicam. "Diria que dois terços da história é verdade", revela o autor.

As ilustrações foram feitas por ele também, a partir de aquarelas singelas como as cores de um outono para ficar na memória. (HC)

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Nunca é tarde para corrigir uma rota. Assim foi com Karlos Rischbieter, que sonhava ser arquiteto, se formou engenheiro civil e trabalhou na administração pública. "Eu me interessava mesmo era pela arte", contou à Gazeta do Po­­vo, em sua casa, na semana passada.

Essa paixão, somada a um espírito curioso e bem-humorado, rendeu o livro Outonal – Um Amor de Viagem pela Europa, e no fim do ano deve se traduzir ainda em Grafismos, um encantador catálogo de aquarelas autorais que o amigo Jaime Lerner chamou de "cerzido invisível", dado o aspecto de colagem da obra.

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Viagem e arte andaram juntas na vida do ex-ministro da Fazenda (durante dois anos no governo do presidente João Figueiredo). Recém-formado, morou na Alemanha, e, na Europa, se casou com a urbanista Francisca Maria, a Fanchette, filha do pintor francês Paul Garfunkel – que adotou Curitiba como lar até sua morte, em 1981.

Das andanças pelo continente de Monet e Van Gogh, Rischbieter trouxe o olhar para as artes pictóricas e o desejo de viajar mais e mais. "Gosto de pintura de paisagens, principalmente dos italianos e holandeses." Do que aprendeu com o sogro, nem se fala. "Ele en­­xergava as coisas. Não fazia só água com açúcar."

O pai foi já havia lhe passado o gosto pela estrada. "Ele pegava o ônibus turístico de Blumenau duas, três vezes num domingo, até morrer, aos 87 anos. Chegou a ir até o Rio de Janeiro para voltar de navio até Itajaí, de tanto que gostava do mar."

Fanchette morreu em 1989 e Rischbieter se casou novamente, com Rosita Beltrão. As viagens se multiplicaram, mas ele não perde a conta. "Foram 36 vezes em 12 anos", relembra.

A quem está prestes a sair do país pela primeira vez, ele deixa sugestões. "Primeiro precisa definir se a preferência é por Londres, Paris ou Roma. Ou então esquecer tudo isso e ir só para Portugal", diz, com sorriso desafiador, confessando a preferência pelo país de Ca­­mões. "A gente deve visitar lugares que não são gastos, aonde todo mundo já foi", sugere. A tese de Outonal (veja mais ao lado), segundo ele, é a capacidade de se ver beleza nas coisas simples.

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Uma dica é, a exemplo do pai, pegar o ônibus turístico da cidade à qual se chega, por uma ou duas vezes, para se ter uma visão geral e escolher locais para ver, depois, de perto.A outra é alugar um carro para poder ver tudo melhor. "Eu fazia só 300 quilômetros por dia, para dar tempo de ver e co­­mer bem."

As dificuldades que a enfermidade pulmonar traz aos seus 83 anos se amenizam quando Rischbieter se senta em seu escritório com suas aquarelas, em meio aos livros. "Inventei a pictoterapia", brinca, recordando o tempo em que desenhava durante reuniões.

Em Grafismos, o público terá mais um pouco desse bom humor, em imagens como os retratos que ele e o designer gráfico Aloísio Magalhães fizeram um do outro.

Rischbieter é autor também de duas traduções do poeta alemão Rainer Maria Rilke, de uma obra sobre o pintor Paul Garfunkel e de uma autobiografia.

Serviço

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Outonal – Um Amor de Viagem pela Europa, de Karlos Rischbieter. Kafka Edições. 217 páginas. R$ 30 nas Livrarias Curitiba.