Filmografia
Em pouco mais de três anos, Irandhir Santos já participou de diversas produções.
- Ganhou projeção nacional como Quaderna, na minissérie A Pedra do Reino, dirigida por Luiz Fernando Carvalho e exibida pela Rede Globo.
- No cinema a projeção veio com Maninho, em Baixio das Bestas (2006), de Cláudio Assis.
- Em Olhos Azuis, de José Joffily, ele é Nonato, um brasileiro radicado nos Estados Unidos que enfrenta o preconceito na alfândega norte-americana.
- Em A Morte de Quincas Berro DÁgua (2009), de Sérgio Machado, faz parte do quarteto comandado pelo rei dos vagabundos e cachaceiros da Bahia.
- Também participou de A Hora e a Vez de Augusto Matraga (2009), de Vinicius Gentil Coimbra, e de Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes.
- Fará parte de dois fimes ainda em produção: O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho, e A Febre do Rato, de Cláudio Assis.
Em uma cena de Tropa de Elite 2, de José Padilha, o ativista de direitos humanos Diogo Fraga esbraveja diante das câmeras de tevê depois que sua tentativa de resolver pacificamente uma rebelião no presídio de Bangu 1 foi frustrada pela truculência do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), liderado pelo tenente-coronel Nascimento (Wagner Moura).
No discurso, esbravejado, o personagem diz ser inadmissível que policiais tenham o símbolo de uma caveira estampado no uniforme. A fala, contrária à política de segurança pública do Rio de Janeiro, brotou espontaneamente da boca do ator pernambucano Irandhir Santos assim que o diretor José Padilha gritou "Ação!". Assim conta, admirada, a colega de set Maria Ribeiro, que interpreta Rosane, ex-mulher do comandante Nascimento, agora casada com Fraga.
O ator de 32 anos, de olhar doce e fala mansa ao ser entrevistado, conta que essa foi uma das improvisações que fez ao longo do filme a partir de um exemplo real sempre bem-recebidas pela preparadora de elenco, Fátima Toledo. Seu personagem é inspirado na trajetória do deputado estadual carioca Marcelo Freixo (PSOL), que participou das negociações reais na penitenciária, em 2003.
"Ele esteve presente antes e depois das filmagens, nos levou a Bangu, onde pude ver como era tratado com o mesmo respeito pelos policiais e pelos presos. Mas não quis imitar seus trejeitos, seu modo de falar. Apenas me inspirei nele para dar vazão a um personagem no qual se permite entrever tantos outros exemplos de integridade", lembra, citando a irmã Dorothy Stang, assassinada por fazendeiros no Pará, em 2005, por defender os direitos dos sem-terra, e a organização de direitos humanos Terra de Direitos, com atuação em Recife, onde vive.
A entrada para o time de Tropa de Elite promete ser um divisor de águas na carreira do ator, que já participou de mais de meia dúzia de filmes, alguns entre os melhores da safra atual. Só neste ano esteve em Olhos Azuis (José Joffily), Quincas Berro DÁgua (Sérgio Machado) e Viajo Porque Preciso e Volto Porque Te Amo (Karim Aïnouz e Marcelo Gomes). Neste momento, já está em plena atividade no set de filmagens de A Febre do Rato, nova produção do conterrâneo Cláudio Assis, que já o havia escalado anteriormente para ser o feroz Maninho, em Baixio das Bestas. Mas foi como Quaderna, o contador de histórias de A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, transposto para as telas como microssérie da Rede Globo, que ganhou popularidade.
Pernambucano do mundo
Assim como o poético personagem José Renato, ao qual dá alma e voz em Viajo Porque Preciso e Volto Porque Te Amo, o destino de Irandhir é o retorno para casa ao fim de cada jornada. É assim que este ator obsessivo que passou quatro meses inteiros no Rio de Janeiro, incluindo os fins de semana, em absoluta imersão no personagem de Diogo Fraga se desconecta de um projeto para só então entrar em outro.
Cada cena que gravava, no entanto, remetia Irandhir aos problemas enfrentados pela sua própria cidade. "O filme incentiva uma discussão acerca do nosso país. Por várias vezes, durante as filmagens pensava que poderia estar falando da minha cidade, pois o filme aborda questões que vão além das fronteiras cariocas", diz.
No início de Tropa de Elite 2, Diogo Fraga surge como uma espécie de inimigo de Roberto Nascimento, o protagonista problemático interpretado por Wagner Moura, que destila ironia ao chamá-lo de "maconheirozinho" e "intelectualzinho de esquerda". "O Fraga tem uma trajetória positiva, ascendente, que aglutina as pessoas. O Freixo é ameaçado de morte por ter peitado as milícias em uma CPI que resultou em mais de 200 indiciados, mas não é um herói, segue um passo-a-passo, não age de forma obscura", diz Irandhir.
O público tende a se identificar com o protagonista, que narra o filme e, portanto, expõe seus pontos de vista sem cerceamentos. "É difícil lutar contra a voz que conta a história. O Fraga é para o público o que o capitão Nascimento pensa dele", diz o ator pernambucano. Mas logo público e personagem começam a perceber que a raiva do policial ultrapassa as questões ideológicas. O policial se ressente porque Fraga ironia do destino é casado com sua ex-mulher, Rosane (Maria Ribeiro), e se relaciona melhor com seu filho do que ele próprio.
Quando a "ficha cai", e Nascimento se dá conta da corrupção da polícia e de sua própria maneira de agir com o filho, muito impositiva, sua trajetória tortuosa se afunila à do correto Fraga. "O grande inimigo do Nascimento neste filme é ele mesmo", diz Irandhir.
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