Estande brasileiro na Feira de Frankfurt em 2012: país é convidado de honra neste ano| Foto: Frankfurter Buchmesse/Divulgação

Falta pouco para o Brasil assumir o papel de convidado de honra da Feira de Frankfurt, maior salão de negócios do mercado editorial do mundo. E o país corre para definir a programação cultural que acontecerá durante a feira. Mas, apesar de algumas exposições em museus e centros culturais alemães já estarem fechadas, há atraso na definição do programa final. Procurado pela reportagem, o Comitê organizador do projeto Frankfurt — formado por Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Funarte, Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Itamaraty — diz que não há atraso e que o anúncio será feito em junho, dentro do prazo determinado pela feira.

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O governo brasileiro faz mistério sobre as atrações, mas já enviou uma lista delas para a prefeitura de Frankfurt, que a divulgou em seu site. Porém, nem todos os espaços listados têm agenda fechada, e outros nem receberão eventos. É o caso do centro de artes cênicas e música Bockenheimer Bot.

"Tínhamos uma proposta, mas ela foi cancelada", afirma, em tom irritado, Heide Günter, responsável pelos museus de Frankfurt, sem explicar o que ocorreu. "Pergunte aos brasileiros que cancelaram."

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Já o Museu de Cinema da Alemanha confirma sua participação. Só não tem ideia, até agora, do que será apresentado. "Espero resposta, mas costuma demorar. É muita gente envolvida, nunca sei bem quem cuida do programa. Em cada reunião aparecia alguém diferente", diz a programadora do museu, Natascha Gikas, que agora fala "com uma pessoa do Ministério da Cultura". Os museus Schauspiel e Mousonturm estão na mesma.

Holger Kube Ventura, diretor do Frankfurter Kunstverein, recebeu há dois anos o presidente da Funarte, Antonio Grassi. A ideia era definir uma exposição de artistas contemporâneos brasileiros. Nada foi decidido. Tampouco houve cancelamento oficial. Ele diz que mandou e-mails para Grassi, mas nunca recebeu resposta. Ventura desistiu de esperar.

"Com nenhum outro país foi tão difícil e irritante negociar. O Brasil sugeriu uma mostra de videopoesia. É ridículo. O público alemão não entende português", afirma o diretor.

O comitê organizador afirma ter enviado uma lista preliminar para Frankfurt. Admite ter havido desistências, mas garante que avisou a todos. Seria o caso do Frankfurter Kunstverein, do Bockenheimer Depot e do Schauspiel — que ainda não sabe disso. O comitê diz ainda que a lista definitiva já foi entregue à secretaria de Cultura de Frankfurt e que os museus já estão com os contratos para realizar os eventos.

Mudanças

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A troca de comando na Fundação Biblioteca Nacional, com a demissão de Galeno Amorim da presidência e a entrada do cientista político Renato Lessa, poderia ser mais um fator a atrasar a preparação para o evento. O presidente da Feira de Frankfurt, Jürgen Boos, contemporiza. Diz que as negociações com os museus estão "em ordem" e que as mudanças na FBN não alteram nada. O comitê organizador diz o mesmo.

Boos espera conhecer Lessa na Flip, em julho, em Paraty. Mas seu colega, o diretor do Museu de Arquitetura, Peter Schalm, diz que ele vai a Frankfurt em maio. A FBN, por sua vez, afirma que Lessa irá à Alemanha assim que sua nomeação sair no Diário Oficial.

Algumas coisas já estão acertadas. O museu dirigido por Schalm vai sediar a exposição Nove Novos, em que serão exibidas maquetes, plantas e desenhos da nova geração de arquitetos brasileiros. Serão projetos de nove escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Há galerias do Instituto Inhotim, de Minas Gerais, desenhadas pelos Arquitetos Associados e pelo Rizoma. Também será exposto o projeto do Pavilhão Humanidades, feito por Carla Juaçaba para a Rio+20. A exposição é negociada com o Instituto Tomie Ohtake e Fernando Serapião, editor da revista de arquitetura Monolito.

Uma das principais atrações será a exposição Hélio Oiticica — Museu É Mundo, uma das maiores retrospectivas da obra do artista brasileiro, já montada em vários países. Ela deve chegar pronta ao Museu de Arte Moderna de Frankfurt. O vice-diretor do museu, Peter Gorschlüter, não sabia da saída de Galeno Amorim da FBN. Mas não vê risco de descontinuidade por isso. "Não é uma surpresa. É bem comum que pessoas responsáveis pela feira sejam demitidas", diz Gorschlüter.

Há outras quatro exposições programadas. O Museu de Artes Aplicadas receberá uma mostra sobre o designer Alexandre Wollner. Obras de grafiteiros serão exibidas no Schir Kunsthalle. Outra, sobre o exílio de alemães no Brasil na Segunda Guerra Mundial, vai para a Biblioteca Nacional alemã.

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